O presidente russo Vladimir Putin disse, este domingo, que a Rússia não tem escolha senão ter em conta as capacidades nucleares da NATO, uma vez que a Aliança está à procura da derrota da Rússia ao fornecer armas às forças de Kyiv.
"Nas condições de hoje, quando todos os principais países da NATO declararam que o seu principal objetivo é infligir-nos uma derrota estratégica, para que o nosso povo sofra, como eles dizem, como podemos ignorar as suas capacidades nucleares nessas condições?", referiu Putin, em declarações à televisão estatal Rossiya 1, citado pela TASS.
Segundo o chefe de Estado russo, o objetivo da NATO é "dissolver a antiga União Soviética e a sua parte fundamental - a Federação Russa".
"Eles [Ocidente] estão a enviar dezenas de biliões de dólares de armas para a Ucrânia. Isto é realmente participação", elaborou Putin, acrescentando que "isto significa que eles estão a participar, ainda que indiretamente, nos crimes do regime de Kyiv".
Os aliados ocidentais da Ucrânia têm fornecido armamento às forças ucranianas para enfrentar as tropas russas, que invadiram o país em 24 de fevereiro de 2022.
Na entrevista, o presidente russo reiterou também o seu apelo à criação de um mundo multipolar. "O que é que somos contra? Contra o facto de este novo mundo que está a emergir estar a ser construído apenas no interesse de um país, os Estados Unidos da América", disse.
Putin acrescentou que se sentiu obrigado a reagir, dadas as tentativas dos Estados Unidos de "reconfigurar o mundo à sua imagem após a queda da União Soviética", em 1991.
Ao anunciar a ofensiva, há um ano, Putin denunciou as manobras do Ocidente contra a Rússia e disse que não queria repetir o erro de Josef Estaline, que viu a União Soviética ser atacada pelas tropas da Alemanha nazi apesar do pacto de não-agressão que tinha assinado com Adolf Hitler.
"Não cometeremos este erro pela segunda vez", disse Putin na altura.
Putin ordenou a invasão em 24 de fevereiro de 2022, para "desmilitarizar e desnazificar" o país vizinho.
A "operação militar especial", como lhe chama Moscovo, desencadeou uma guerra de larga escala que mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Desconhece-se o número de baixas civis e militares do conflito, mas diversas fontes, incluindo a ONU, têm admitido que será elevado.
Os aliados ocidentais da Ucrânia assinalaram o primeiro aniversário da guerra, na sexta-feira, com o anúncio de mais apoio militar a Kyiv e de novas sanções contra Moscovo.
[Notícia atualizada às 10h27]
Leia Também: AO MINUTO: Nuclear? "Não podemos ignorar" NATO; As perdas da Rússia