O antigo primeiro-ministro russo Dmitry Medvedev considerou, num texto publicado esta noite na imprensa russa, que a "tragédia que agora se está a desenrolar na Ucrânia começou no final do século passado".
De um modo mais específico, aquele que é, também, o vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia referiu que tal aconteceu "no momento em que a União Soviética entrou em colapso".
Dizendo não pretender abordar "profundamente os motivos" dos "líderes políticos" que trabalharam no sentido de fazer com que a "União Soviética caísse tão rapidamente", Dmitry Medvedev destacou, no entanto, que o "mundo ocidental olhou para tudo isto com a arrogância de um vitorioso e um sentimento de pura superioridade".
Destacando, por outro lado, que os "políticos que tomaram o poder na nova Rússia não conseguiram lidar com a ameaça emergente", um dos conselheiros mais próximos do chefe de Estado russo, Vladimir Putin, recorreu a exemplos históricos para mostrar o que está a acontecer na Ucrânia.
"A história é inexorável. Roma e Constantinopla. Os califas árabes e Genghis Khan. A ascensão e a morte ignominiosa de Napoleão. O 'pôr do sol' nas colónias da poderosa Grã-Bretanha. A Europa de Carlos Magno. Os Incas e os Persas. O Império Otomano e a Rússia czarista. Seja qual for a página em que abrir os volumes dos anais do mundo, encontrará a mesma coisa. Depois do auge do império e da sua era dourada, é um longo caminho para o mesmo fim: dissolução e guerra, ou guerra e desintegração. É a lei do mundo", elucidou.
Na sua ótica, e com base nestes exemplos, Medvedev alegou que a "História demonstra que qualquer império enterra metade do mundo nos seus escombros".
Argumentando que a "guerra poderia ter acontecido mais cedo - nos anos noventa do século passado, nas duas primeiras décadas do século XXI", aquela que é uma das figuras mais poderosas dentro da Rússia lembrou que quando "um grande país morre, começa uma guerra".
Porém, lembrou ainda, a este propósito, que o "catalisador mais forte para a guerra após o colapso do império são sempre os países à sua volta, desejosos de dividir ainda mais o poder desmoronado".
Perante um cenário desta natureza, o antigo primeiro-ministro russo Dmitry Medvedev considerou que se "a questão da existência da própria Rússia for seriamente levantada, não será decidida na linha da frente ucraniana. Assim como a questão da existência futura de toda a civilização humana. E não deve haver ambiguidade aqui. Não precisamos de um mundo sem a Rússia", explicou.
Desde o início da guerra, que teve início a 24 de fevereiro do ano passado, os países da NATO e da União Europeia apressaram-se a disponibilizar apoio financeiro, militar e humanitário para ajudar a Ucrânia a fazer face à invasão da Rússia. O país invasor, por outro lado, foi alvo de pacotes de sanções consecutivos (e concertados) aplicados pelos parceiros de Kyiv.
Até agora, mais de 8 mil civis já morreram, ao passo que mais de 13 mil ficaram feridos na sequência dos combates no terreno, segundo os cálculos da Organização das Nações Unidas (ONU).
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