ONU denuncia violações e agressões a mulheres sírias após terramoto

O enviado especial da ONU para a Síria, Geir Pedersen, denunciou hoje violações e agressões a mulheres sírias, na sequência dos terramotos destruidores no país e na vizinha Turquia.

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© LOUAI BESHARA/AFP via Getty Images

Lusa
28/02/2023 16:03 ‧ 28/02/2023 por Lusa

Mundo

Sismo

Numa reunião do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a situação no Médio Oriente, Pedersen disse que as mulheres sírias têm estado na vanguarda dos esforços de socorro dos seus concidadãos nas linhas de frente, mas, por outro lado, também ficaram mais expostas a situações de vulnerabilidade que resultaram em violações sexuais e agressões.

"Em tempo de vulnerabilidade real, tenho ouvido relatos de mulheres a ser violadas, espancadas e assediadas. As mulheres que necessitam de cuidados pós-parto não recebem os cuidados necessários e locais apropriados para se abrigar. Meninas e meninos são especialmente vulneráveis durante esses acontecimentos angustiantes e confusos, (...) quando os adultos estão ocupados noutro lugar e muitas escolas fechadas ou sem condições", denunciou Pedersen.

De acordo a ONU, pelo menos 50.000 pessoas morreram nos terramotos nos dois países, incluindo cerca de 6.000 pessoas na Síria, principalmente no noroeste, e dezenas de milhares de pessoas continuam desaparecidas e centenas de milhares desalojadas.

Os terramotos, segundo Pedersen, ocorreram quando as necessidades do povo sírio "eram maiores, quando os serviços eram mais escassos, quando a economia estava no ponto mais baixo e quando as suas infraestruturas já estavam fortemente danificadas", atingindo muitas áreas onde viviam refugiados e deslocados internos e em áreas com graves danos de guerra.

O enviado especial da ONU denunciou ainda que a resposta efetiva às vítimas do sismo tem sido dificultada por desafios ligados ao conflito na Síria, apelando "à despolitização da resposta humanitária".

"Isso significa acesso: não é hora de fazer política com travessias de fronteiras ou linhas de frente. Isso significa recursos: este é o momento para todos doarem rápida e generosamente à Síria e removerem todos os obstáculos para que a ajuda chegue aos sírios em todas as áreas afetadas. E isso significa calma: não é hora de ação militar ou violência", frisou.

Pedersen aproveitou para saudar a recente introdução de isenções relacionadas ao terremoto em vários regimes de sanções unilaterais, nomeadamente pelos Estados Unidos, Reino Unido e União Europeia, e pelos seus esforços em garantir que as sanções não interferem na resposta humanitária.

Elogiou também a decisão do Governo sírio de abrir os dois pontos de passagem de Bab Al-Salam e Al Ra'ee, da Turquia até ao noroeste da Síria, assim como a aprovação geral para operações cruzadas no noroeste da Síria até julho.

Também o subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários, Martin Griffiths, participou na reunião, onde deu conta de cinco milhões de pessoas a precisarem de abrigo básico e assistência não alimentar na Síria.

"Enquanto muitos sírios generosamente abriram as suas casas para outros, os abrigos coletivos estão mais sobrelotados do que nunca. Em muitas áreas, quatro a cinco famílias estão amontoadas em tendas, sem instalações especiais para idosos, para pessoas com doenças crónicas ou com deficiência", relatou.

"Centenas de prédios ainda correm alto risco de desabar. Muitas pessoas têm medo de voltar para suas casas. O risco de doença está a crescer, com surtos de cólera pré-existentes. Os preços dos alimentos e outros itens essenciais estão a acrescer ainda mais. E as tensões na comunidade a aumentar", descreveu Griffiths.

Até ao momento, as Nações Unidas já enviaram mais de 423 camiões para o noroeste da Síria, transportando alimentos, abrigos, 'kits' sanitários, equipamentos médicos e suprimentos para pelo menos um milhão de pessoas. Muitas outras entregas estão planeadas nas próximas semanas, segundo a Organização.

Entre as principais necessidades da ONU neste momento estão máquinas para remover escombros, equipamentos para hospitais improvisados e ferramentas para restaurar o acesso a água potável.

Em 06 de fevereiro, um sismo de magnitude 7,8 na escala de Richter atingiu fortemente o sudeste da Turquia e o norte da vizinha Síria. Foi seguido de várias réplicas, umas das quais de magnitude 7,5.

O sismo devastou várias regiões no norte, mas também do oeste, da Síria, país que é cenário de uma guerra civil há mais de uma década.

Em áreas sob controlo governamental, o Ministério da Saúde da Síria identificou 1.414 mortos, enquanto nas regiões que escapam ao controlo do regime de Damasco, as autoridades locais contabilizaram a morte de 4.537 pessoas.

O responsável da agência de saúde dessas regiões, Maram al-Cheikh, explicou que o balanço foi realizado a partir de dados recolhidos junto de hospitais, de centros médicos, da Proteção Civil e das autoridades municipais, que documentaram os funerais das vítimas que não passaram por unidades hospitalares.

[Notícia atualizada às 17h04]

Leia Também: Família síria recorda como passou 40 horas sob os escombros após sismo

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