A constatação está incluída no Relatório Sobre o Terrorismo em 2021, elaborado pelo Departamento de Estado e que analisa a situação em 98 países - Brasil e Moçambique são os dois únicos lusófonos - no quadro das operações de combate ao terrorismo a nível global.
No relatório, os Estados Unidos lembram que, desde 11 de setembro de 2001, avançaram com uma sofisticada e vasta operação de contraterrorismo para reduzir a ameaça de ataques terroristas em larga escala em solo norte-americano.
Segundo o documento, 21 anos depois, as ameaças terroristas são agora "mais ideologicamente variadas e geograficamente difusas do que nunca", o que tem obrigado os Estados Unidos a lidar com novos desafios de segurança nacional, incluindo, acima de tudo, as "ameaças cibernéticas".
"Para enfrentar as ameaças terroristas em evolução e emergentes dentro do contexto de prioridades de segurança nacional mais amplas, os Estados Unidos estão a entrar numa nova era de contraterrorismo, cada vez mais enraizada na diplomacia, na formação de parceiros e na prevenção, reconhecendo que os esforços no contraterrorismo, para serem bem-sucedidos, exigem o uso de uma gama completa de novas ferramentas", escreve no preâmbulo do relatório o coordenador interino norte-americano de Contraterrorismo, Timothy Betts.
Nesse sentido, prossegue, apesar de "sucessos chave no contraterrorismo", continuam ativos grupos terroristas, como o Estado Islâmico (EI), que "continua a promover uma campanha terrorista em larga escala, em resposta à crescente pressão contraterrorista, adaptando as suas táticas e técnicas".
"Apesar de ter perdido o 'califado' territorial em 2019, o EI manteve no Iraque e na Síria uma estrutura operacional significativa e realizou operações terroristas naquela região", sublinha-se no documento.
No relatório é também destacada a "ameaça permanente" para os Estados Unidos e para os respetivos aliados que constituem os grupos afiliados na Al-Qaida, ativos sobretudo no Médio Oriente e em África, designadamente na península arábica, na África Ocidental, no Sahel ou nos Estados atlânticos do Golfo da Guiné.
No Afeganistão, o grupo EI, elementos da Al-Qaida e grupos terroristas com foco regional "mantiveram uma presença ativa e conduziram atividades terroristas" em que, apesar de nos últimos anos sofrerem perdas significativas nos combates com tropas norte-americanas e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), "continuam a realizar ataques terroristas contra civis".
Segundo o relatório do Departamento de Estado norte-americano, o Irão "continua a ser o principal patrocinador estatal do terrorismo", facilitando uma "ampla gama de atividades terroristas e outras atividades ilícitas em todo o mundo".
"Regionalmente, o Irão apoiou atos de terrorismo no Bahrein, Iraque, Líbano, Síria e Iémen através de grupos parceiros como o Hezbollah e o Hamas. Além disso, os principais líderes da Al-Qaida continuam a residir no Irão", acrescenta o documento.
"Globalmente, o Ministério de Inteligência e Segurança [iraniano] continua a ser o principal ator do Irão envolvido no apoio ao recrutamento, financiamento e conspirações terroristas em África, Ásia, Europa e América do Norte e do Sul. O Irão também manteve uma rede de compras quase global, obtendo tecnologia de ponta de empresas de todo o mundo para reforçar as capacidades terroristas e militares", avisa.
Nesse contexto, e "à medida que as ameaças terroristas se transformam e se metastatizam" no mundo, os Estados Unidos adaptaram a abordagem de contraterrorismo e organizaram esforços internacionais para combater o terrorismo global, envolvendo sanções internacionais a dirigentes de grupos terroristas.
Outros dos sucessos reivindicados por Washington no relatório são os "ganhos notáveis" obtidos através de uma "campanha diplomática de alto nível" para combater o terrorismo do Hezbollah e outras atividades ilícitas, destacando que 15 países aliados já designaram, baniram ou restringiram as atividades do movimento 'jihadista', considerando-o, paralelamente, como um grupo terrorista.
O Departamento de Estado norte-americano sustenta também ter apoiado iniciativas internacionais para edificação de uma "resiliência local à radicalização terrorista, recrutamento e desinformação", sobretudo no Bangladesh, Indonésia, Quénia, Somália, Tunísia, Sahel e Balcãs Ocidentais.
Em setembro, destaca-se no documento, os Estados Unidos reuniram-se com altos responsáveis do Twitter, Facebook e Google/YouTube para discutir a segurança digital de cidadãos afegãos com ligações aos Estados Unidos que podem ser alvos dos talibãs e de outros grupos terroristas no Afeganistão.
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