Turquia não pode travar "muito mais tempo" a adesão da Suécia à NATO

O investigador turco Sinan Ulgen disse à agência Lusa que a Turquia não poderá travar por muito mais tempo a adesão da Suécia à NATO porque, geoestrategicamente, isso é "indispensável e vital" para a Aliança Atlântica.

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Lusa
04/03/2023 08:49 ‧ 04/03/2023 por Lusa

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Numa entrevista à agência Lusa, em Lisboa, onde participou sexta-feira na Conferência Segurança - Da Europa Ao Indo-Pacífico, o também diretor do Centro de Estudos Económicos e de Política Externa de Istambul admitiu que a Suécia tem dado passos importantes para ir ao encontro das pretensões de Ancara. 

A Turquia, que já deu sinais claros de que autorizará a adesão da Finlândia, tem recusado aceitar a entrada da Suécia na Aliança Atlântica até que Estocolmo entregue todos os indivíduos acusados por Ancara de pertencerem a organizações curdas declaradas pelo governo turco como grupos terroristas, como o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK). Por outro lado, também pede a abertura do comércio bilateral de armas.

Em janeiro, o primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, afirmou que o Governo turco está a impor à Suécia uma série de exigências para a aceitar a adesão à NATO que Estocolmo "não pode nem quer cumprir".

"[A Turquia] quer coisas que nós não podemos e não queremos dar-lhes. Agora a decisão [da adesão à Aliança Atlântica] recai sobre os turcos", disse Kristensson.

"A adesão da Suécia é um caso muito mais complexo do que a Finlândia. Mas, no entanto, estou confiante em que os dois países possam entrar ao mesmo tempo na NATO porque, geoestrategicamente, isso é indispensável e vital, e a Turquia não irá obstaculizar isso por muito mais tempo", disse hoje Ulgen à Lusa.

"Para já, parece que a Finlândia poderá aderir antes da Suécia, pois não haverá oposição (de Ancara). Já as coisas com a Suécia poderão demorar um pouco mais. O problema é essencialmente a perceção de Ancara de que a Suécia tem sido muito tolerante em relação às atividades de recrutamento, financiamento e manifestações públicas das organizações próximas ou ligadas ao PKK", acrescentou. 

"No meu ponto de vista, há, assim, expectativas legítimas de que a Suécia possa cumprir [o que é exigido pela Turquia] antes de aderir à NATO. Algumas [exigências] já foram cumpridas, outras estão em curso e outras por cumprir", sublinhou Ulgen.

A adesão da Suécia e da Finlândia à NATO conta com o apoio de 28 dos 30 Estados membros da organização, falta a Turquia e a Hungria, pois qualquetr entrada na ALiança Atlântica tem de ser apoiada por unanimidade.

A tradicional neutralidade sueca e finlandesa foi quebrada devido à invasão russa da Ucrânia, a 24 de fevereiro de 2022.

Leia Também: Pedro Sánchez quer Finlândia e Suécia na NATO até julho

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