Equador rejeita receber hipopótamos de Escobar da Colômbia
O Equador rejeitou hoje "categoricamente" receber os hipopótamos que a Colômbia está a analisar enviar para outros países, após dezenas terem nascido no centro do país, depois do narcotraficante Pablo Escobar ter importado os primeiro quatro em 1984.
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Mundo Equador
"Um sonoro não, porque a entrada de espécies exóticas é proibida por lei, a não ser que a autoridade ambiental tenha condição 'sine qua non' de excelência, para investigação, ciência, extração de material genético para a cura de alguma coisa, [e] isso não é o caso", sublinhou o ministro do Meio Ambiente, Água e Transição Ecológica equatoriano à agência Efe.
Gustavo Manrique destacou que importar os hipopótamos "não faz sentido" e geraria compromissos com a alimentação, custódia ou infraestrutura, sublinhando que existem "muitas outras necessidades, em outras áreas, para alocar recursos dos hipopótamos".
O ministro equatoriano desejou "boa sorte à Colômbia", lembrando que este país tem "um grande problema".
A reforma do código ambiental orgânico do Equador em dezembro de 2021 tornou a importação de fauna exótica expressamente proibida, acrescentou.
O ministro equatoriano referiu ainda que um homólogo africano, que não identificou, lhe transmitiu recentemente que a população de hipopótamos diminuiu numa zona do seu país e manifestou vontade em receber indivíduos desta espécie.
"Mas é aí que entram os desafios económicos: quanto custa mandar um hipopótamo vivo para a África, quem paga?", questionou Gustavo Manrique.
Na semana passada, as autoridades colombianas revelaram que estavam a avaliar a possibilidade de enviar para o México, Índia e Equador 72 hipopótamos que nasceram no centro do país.
O responsável do gabinete de gestão da biodiversidade da autoridade regional das Bacias dos Rios Negro e Nare (Cornare), David Echeverry, explicou, na altura, que estavam a decorrer contactos para "a possível saída de hipopótamos" da Colômbia.
"Na Índia, disseram-nos que podem receber até 60 hipopótamos, no México têm capacidade para receber até 10 e o Equador expressou a possibilidade de receber dois hipopótamos", explicou.
No auge do seu império criminoso, Escobar construiu um zoológico na sua Fazenda Nápoles de 3.000 hectares, localizada em Puerto Triunfo, no departamento de Antioquia.
O famoso narcotraficante importou para aquele local animais exóticos de todo o mundo, causando impacto pela extravagância da propriedade, onde instalou no portão de entrada um pequeno avião que simbolizava o meio de transporte dos seus carregamentos de cocaína para os Estados Unidos.
Após a sua morte em 1993, e com o fim do seu cartel de drogas, os animais do zoológico de Escobar ficaram sem controlo, num ambiente que não era o seu e encontraram um novo lar nas planícies de Magdalena Medio, ao qual rapidamente se acostumaram, devido às condições favoráveis do terreno, irrigado pelas águas do rio Magdalena, o principal da Colômbia.
Porém, com o passar do tempo, os hipopótamos tornaram-se um perigo para a fauna, flora e camponeses da região, um dos quais sofreu ferimentos graves ao ser atacado em 2020 quando fumigava um pasto.
O governador de Antioquia, Aníbal Gaviria, também assinalou na semana passada o interesse em realocar um grupo de 70 hipopótamos para santuários naturais em outros países.
Gaviria aguarda a aprovação do Governo para "acelerar a autorização e atingir este fim, que é ambiental, de defesa e proteção dos animais".
Entre as preocupações dos investigadores que estudam esta população de hipopótamos está "que esta continue a aumentar" conforme indicam as projeções e os modelos definidos, alertou em abril do ano passado, à agência Efe, María Piedad Baptiste, cientista do Instituto Humboldt.
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