Os soldados burquineses, que realizam "importantes operações aéreas e terrestres" há vários dias, recuperaram material de guerra e artefactos explosivos, indicou a AIB.
O Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Turk, manifestou na terça-feira preocupação com o aumento da insegurança e instabilidade no Burkina Faso.
Numa apresentação sobre a situação dos direitos humanos em todo o mundo, Turk observou que a situação é particularmente alarmante na zona fronteiriça entre o Mali, o Burkina Faso e o Níger, onde grupos armados estão a tirar partido das hostilidades entre as diversas comunidades locais e da ausência das infraestruturas de Estado para alargarem a influência.
O gabinete do Alto Comissário registou no Burkina Faso 1.076 vítimas de violações dos direitos humanos na segunda metade de 2022, na maioria cometidas por grupos armados, embora, também aí, as operações militares estejam a causar um número crescente de vítimas.
Milhares de pessoas manifestaram-se em 01 de março, em Diapaga, no Burkina Faso oriental, para exigir "mais segurança", após um ataque que provocou pelo menos 60 mortos na cidade vizinha de Partiaga.
No dia seguinte, pelo menos 12 civis foram mortos num ataque de homens armados, membros suspeitos de grupos extremistas islâmicos, à aldeia de Aorema, a cerca de dez quilómetros de Ouahigouya, capital da região norte do Burkina Faso.
No dia seguinte ao ataque, foi introduzido um recolher obrigatório em toda a região norte do Burkina Faso, na fronteira com o Mali, palco frequente de ataques de grupos extremistas islâmicos armados.
Além da região norte, foi introduzido um recolher obrigatório em várias províncias do centro-leste, do centro-norte e do leste por um período de um a três meses.
No final do mês passado, o líder da junta militar do Burkina Faso, Ibrahim Traoré, disse "manter intacta" a determinação de continuar a luta contra o terrorismo "até à vitória final".
O Burkina Faso registou um aumento da violência extremista islâmica desde o início do ano e quase todas as semanas são relatadas dezenas de mortes, tanto de civis como de efetivos das forças de segurança.
A violência, atribuída a grupos ligados à rede terreorista Al-Qaida e ao grupo extremista Estado Islâmico, fez já mais de dez mil mortos desde 2015, de acordo com várias organizações não-governamentais, e provocou a deslocação de cerca de dois milhões de pessoas.
O Burkina Faso é governado por uma junta militar desde o golpe de janeiro de 2022 contra o então presidente Roch Marc Christian Kaboré.
A junta agora é chefiada por Ibrahim Traoré, que protagonizou em setembro um golpe palaciano contra o até então líder da junta Paul-Henri Sandaogo Damiba.
Leia Também: Terroristas matam pelo menos 12 civis no norte do Burkina Faso