Adolfo Urso, que intervinha numa conferência sobre o 'soft power' de Itália, confessou-se pasmado com os que agora se manifestam surpreendidos com o papel do grupo Wagner na instrumentação da crise migratória em direção a Itália.
"Pasmo que algumas pessoas fiquem surpreendidas com o que a Wagner está a fazer em África desde há já dois anos. A Copasir [Comissão Parlamentar de Segurança da República] tinha alertado o parlamento em relatórios oficiais, após informações confidenciais sobre a ação da Rússia na Europa", afirmou.
A afirmação de Adolfo urso foi feita um dia depois dos ministros dos Negócios Estrangeiros, Antonio Tajan, e da Defesa, Guido Crosetto terem denunciado as atividades do grupo Wagner em vários países africanos.
As acusações de Antonio Tajani e Guido Crosetto já foram rejeitadas pelo líder do grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin.
Crosetto tinha dito que as saídas dos migrantes para Itália eram devidas, pelo menos em parte, à estratégia desenvolvida pelo Wagner em vários países africanos.
O grupo Wagner, que tem estado em destaque noticioso pelo seu envolvimento na invasão russa da Ucrânia, está ativo em países africanos, como Mali, República Centro-Africana, Sudão, Síria e Líbia, onde está a apoiar o homem forte do leste, o general Khalifa Haftar.
"Parece-me que é seguro dizer que o aumento exponencial do fenómeno migratório proveniente das costas africanas é também, em dimensão significativa, parte de uma estratégia clara da guerra híbrida que o Wagner, mercenários pagos pela Federação Russa, está a realizar, usando o seu peso considerável em alguns países africanos", disse Crosetto.
Prigozhin contestou as acusações e, em relação, a Crosetto disse que este "deveria tratar dos seus próprios problemas, que provavelmente não está a conseguir resolver, em vez de olhar para outras direções" e classificou-o mesmo como um 'mudak', palavra russa, que significa testículo, e que é usada para designar alguém de forma insultuosa.
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