Saddam Hussein? "Soube duas coisas sobre mim nos primeiros 30 segundos"

Um agente do FBI contou como foi interrogar o ditador, após a sua captura pelos Estados Unidos, em 2013. George Piro foi o primeiro agente do departamento a interrogar Hussein, explicando também como foi o primeiro impacto - assim como os primeiros temas de conversa.

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Notícias ao Minuto
15/03/2023 16:40 ‧ 15/03/2023 por Notícias ao Minuto

Mundo

Terrorismo

O agente do Departamento Federal de Investigação (FBI, na sigla em inglês) que interrogou Saddam Hussein durante sete meses contou à CNN um pouco sobre estas recordações, que está agora a reunir num livro.

Com então cerca de 30 anos, George Piro contou que no primeiro encontro com o ditador, que foi capturado pelos Estados Unidos em 2013, não foram precisos mais de 30 segundos para que este descobrisse duas coisas sobre si.

"Disse-lhe que o meu nome era George Piro e que eu estava no comando, e, de imediato, ele respondeu: 'És libanês'. Respondi-lhe que os meus pais eram libaneses e ele retorquiu. 'És cristão'"", começou por contar Piro, explicando questionou Hussein sobre se havia "alguma problema com isso". "Ele disse que não. Que adorava libaneses. E que os libaneses o adoravam", rematou. 

Piro descreveu que, inicialmente, via Hussein durante a manhã, e que tentava ajudá-lo a comunicar com os profissionais de saúde. Depois, em árabe, as  reuniões informais decorreriam duas ou três vezes por semana, durante várias horas. "À medida que o tempo passava, comecei a ter cada vez mais tempo sozinho com ele porque eu conseguia comunicar de forma eficiente e direta com ele. Depois, passaram a ser entre cinco a sete horas diárias - umas de manhã, i resto à tarde. E depois havia um interrogatório formal uma ou suas vezes por semana", apontou.

E sobre o que falavam? 

"Sobre todo o tipo de coisas", garantiu o especialista à publicação norte-americana quando questionado sobre que tipo de temas estavam à conversa. Piro referiu também que nos primeiros meses, o objetivo era só fazê-lo falar. "Queria saber o que é que valorizava na vida e que preferências tinha, assim como pensava", esclareceu,  detalhando que os temas iam desde história, a arte, passando por desporto e acabando em política.  "Falámos sobre coisas que eu sabia que ele não teria quais problemas ou hesitações em falar"

O recente escritor, agora na casa dos 50 anos, confessou que também lhe perguntam muitas vezes qual foi a primeira pergunta que fez a Saddam Hussein. Frisando que sabia que ele não ia mentir sobre isso,  Piro revelou que as primeiras intervenções foram a respeito do primeiro livro de Hussein, 'Zabiba e o rei'.

"Zabiba era uma árabe bonita, que era casada com um homem horrível e mais velho. Claro que a Zabiba representa o Iraque. O homem mais velho são só Estados Unidos. O rei, incrível, salva Zabiba da sua miséria, e vivem felizes para sempre. Claro que podem imaginar quem o rei é", atirou. 

O antigo agente disse ainda que colocava muitos pormenores enquanto conversavam com ele, para  Hussein perceber que ele tinha informação do seu lado, e ser mais difícil mentir. "Isso coloca uma tremenda quantidade de stress no detido quando ele enfrenta um especialista no assunto, porque aí deverá pensar muito para desenvolver qualquer tipo de mentira que tenha hipóteses de sucesso", justificou.

Piro foi ainda questionado sobre um 'programa coercivo' para realizar interrogatórios, que consistia num sistema de tortura, que podia envolver nudez ou outros tipos de abusos. Garantindo que nunca usou esse sistema, que só teve conhecimento deste mais tarde,  Piro  lembrou que estes são contra a Constituição e políticas do FBI. "Nunca foi uma opção porque nunca utilizei esse método, não sabia como o fazer, nem queria. Sinto que isso vai contra aquilo que nós somos como país", rematou.

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