Apesar dos contínuos ataques russos, Ucrânia pretende manter Bakhmut

Tropas ucranianas continuavam hoje a defender a cidade de Bakhmut, no leste da Ucrânia, apesar do persistente assalto das forças russas para capturar uma cidade praticamente despovoada e devastada após sete meses de combates, segundo as agências internacionais.

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© Marek M. Berezowski/Anadolu Agency via Getty Images

Lusa
15/03/2023 18:59 ‧ 15/03/2023 por Lusa

Mundo

Guerra na Ucrânia

Os dois lados continuam a reivindicar sucessos militares naquela que já é considerada a mais longa e sangrenta batalha desde o início da invasão militar da Ucrânia há mais de um ano.

Responsáveis ucranianos citados pela agência noticiosa norte-americana Associated Press (AP) referiram que as forças terrestres ucranianas abateram um caça russo perto de Bakhmut e garantiram ganhos territoriais nas zonas norte da cidade.

Por sua vez, Yevgeny Prigozhin, fundador do grupo privado paramilitar Wagner, que tem liderado o assalto à cidade, assegurou numa mensagem publicada numa rede social que as forças russas assumiram o controlo de Zaliznyanskoye e reforçaram o cerco a Bakhmut.

As informações divulgadas pelas duas partes não podem ser confirmadas de imediato de forma independente.

A batalha por Bakhmut intensificou-se após as forças russas terem capturado em janeiro a vizinha localidade de Soledar.

As forças russas necessitam do controlo de Bakhmut para acentuar a pressão sobre regiões mais amplas da província de Donetsk que ainda não controlam, apesar de responsáveis considerarem que a conquista da cidade terá um impacto limitado no curso da guerra.

Uma avaliação emitida no passado fim de semana pelo Ministério da Defesa britânico indicou que unidades paramilitares do Grupo Wagner já controlavam zonas do leste de Bakhmut, com o rio que atravessa a cidade a delimitar a linha da frente.

Também no passado fim de semana, o grupo de reflexão ('think tank') Instituto para o Estudo da Guerra, em Washington, revelou que as forças russas e os mercenários do Grupo Wagner, com ligações ao Kremlin, continuavam a lançar ataques terrestres, mas sem sinais de avanço no terreno em Bakhmut.

As tropas russas cercaram a cidade a partir de três posições, deixando apenas operacional para os ucranianos um estreito corredor que conduz a oeste. A única estrada com ligações a oeste tem sido flagelada pela artilharia russa, forçando os ucranianos a utilizar com frequência estradas secundárias, apesar das dificuldades motivadas pelo degelo e a lama.

Na terça-feira, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, discutiu a situação em Bakhmut com as chefias militares e dos serviços de informações, com todos a concordarem na necessidade de manter e de defender a cidade, indicou o gabinete presidencial.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,6 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,1 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 8.231 civis mortos e 13.734 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.

Leia Também: Forças russas disparam munições de fósforo branco perto de Bakhmut

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