O conselheiro presidencial ucraniano, Mykhailo Podolyak, apontou que a visita do presidente russo, Vladimir Putin, a Mariupol representa o seu “cinismo e falta de arrependimento” no que diz respeito às vidas perdidas no conflito com a Ucrânia, atirando, por isso, que “o criminoso volta sempre à cena do crime”.
“O criminoso volta sempre à cena do crime. Enquanto o mundo civilizado anuncia a prisão do ‘diretor de guerra’ (Putin) caso cruze as suas fronteiras, o assassino de milhares de famílias de Mariupol veio admirar as ruínas da cidade e os seus túmulos. Cinismo e falta de arrependimento”, escreveu o responsável, na rede social Twitter.
As suas palavras fazem eco das declarações das autoridades ucranianas, que acusaram o chefe de Estado russo de visitar Mariupol, no leste do país, durante a noite para ocultar a realidade de uma cidade totalmente destruída pelo seu exército e para evitar "olhares curiosos".
The criminal always returns to the crime scene. As the civilized world announces the arrest of the "war director" (VV Putin) in case of crossing its borders, the murderer of thousands of Mariupol families came to admire the ruins of the city & graves. Cynicism & lack of remorse.
— Михайло Подоляк (@Podolyak_M) March 19, 2023
Esta visita, que o Kremlin classificou "de trabalho", foi, aparentemente, decidida de forma espontânea, depois da sua visita no sábado à Crimeia, coincidindo com o aniversário de anexação daquela península, em 2014.
Putin chegou de helicóptero naquela que foi a sua primeira viagem ao Donbass, tendo sido visto a conduzir um carro, percorrendo vários bairros da cidade, acompanhado pelo vice-primeiro-ministro, Marat Jusnulin.
As imagens mostram também Putin a visitar unidades habitacionais recentemente construídas, com um parque infantil no centro, e a falar com um grupo de cidadãos, aparentemente residentes locais.
Lançada a 24 de fevereiro, a ofensiva militar russa na Ucrânia já provocou a fuga de mais de 14 milhões de pessoas, segundo os dados mais recentes da Organização das Nações Unidas (ONU), que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A entidade confirmou ainda que já morreram mais de 8.231 civis desde o início da guerra e 13.734 ficaram feridos, sublinhando, contudo, que estes números estão muito aquém dos reais.
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