"O Governo tomou conhecimento, com consternação, do assassínio de nove cidadãos chineses na sequência de um ato cobarde e desprezível no local da empresa Gold Coast na aldeia de Chingbolo", disse o ministro da Comunicação da África Central, Serge Ghislain Djorie, numa declaração publicada pela Radio Ndeke Luka (RNL).
O executivo, salientou, condena com "a maior firmeza este ato atroz do nebuloso CPC, cujo objetivo é desencorajar os investidores que desejam apoiar os esforços empreendidos por sua excelência o Presidente da República para enfrentar o desafio do desenvolvimento económico".
"O Governo apela à opinião nacional e internacional para que testemunhem que este ato não ficará impune. Os autores desta traição serão perseguidos até à última trincheira para responder pelos seus atos", disse o ministro, que ofereceu as condolências do país à China e às famílias das vítimas.
Contudo, o CPC negou, numa declaração, ter sido responsável pelo ataque, o qual, segundo afirmou, foi planeado pelo grupo mercenário Wagner, propriedade de um empresário russo próximo do Presidente russo, Vladimir Putin, e do ministro da Pecuária e Saúde Animal da RCA, Hassan Bouba Ali.
O grupo mercenário, contratado pelo Governo do país da África Central em 2018 para combater os grupos rebeldes, foi acusado pelos observadores da Organização das Nações Unidas (ONU) de violações dos direitos humanos, incluindo massacres.
A China confirmou hoje a morte dos nove nacionais e apelou a "castigos severos" para os autores do ataque.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês afirmou, através de uma declaração no seu 'website', que Pequim "ativou imediatamente um mecanismo de emergência consular" e que o Presidente chinês, Xi Jinping, atribui "grande importância" a este evento.
O ataque, que também deixou dois cidadãos chineses gravemente feridos, teve lugar numa "empresa de propriedade chinesa", onde um grupo de homens armados abriu fogo sobre as instalações.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros também alertou para um "risco extremamente elevado" na RCA, exceto na capital Bangui, e apelou aos cidadãos chineses para prestarem "grande atenção".
A RCA tem sofrido violência sistémica desde finais de 2012, quando uma coligação de grupos rebeldes de maioria muçulmana (Séléka) ocupou Bangui e derrubou o Presidente François Bozizé em março de 2013, após 10 anos no poder (2003-2013), desencadeando uma guerra civil.
O atual Presidente centro-africano, Faustin Archange Touadéra, chegou ao poder nas eleições de 2016 e foi reeleito nas eleições de 2020, de que a oposição pediu a anulação após mais de 40% das mesas de voto não terem sido abertas devido à insegurança.
Pouco antes dessa votação, vários grupos armados uniram-se para formar a CPC, que tentou tomar posse de Bangui em janeiro de 2021.
Em outubro desse ano, o Presidente declarou um cessar-fogo unilateral com o objetivo de facilitar o diálogo nacional.
Apesar destes avanços, dois terços do país - rico em diamantes, urânio e ouro - continua a ser controlado por milícias e, segundo a ONU, cerca de 700.000 pessoas estão deslocadas internamente.
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