Quase 300 manifestantes foram detidos na segunda-feira à noite, em França, por causa dos protestos que aconteceram no âmbito do descontentamento que tem 'saído' às ruas francesas.
De acordo com a polícia francesa, 243 pessoas foram detidas em Paris e outras 53 em outros pontos da França. O presidente francês, Emmanuel Macron, deverá 'quebrar' o silêncio na quarta-feira, depois de uma crise política surgir no país, devido à 'luz verde' dada pelos governantes à reforma das pensões em França, avança a Reuters.
O aumento da idade da reforma, de 62 para 64 anos, causou indignação a muitos civis, que há quase duas semanas têm gerado manifestações no país, paralisações e greves em vários setores.
Esta terça-feira, Macron recebe a primeira-ministra francesa, Élisabeth Borne, no Palácio do Eliseu, em Paris. O chefe de Estado de França vai receber também os líderes parlamentares dos três partidos que apoiam o executivo.
As centenas de detenções surgiram depois de terem sido chumbadas as duas moções de censura ao governo francês. Apesar de 278 deputados terem votado a favor de uma primeira moção, eram precisos 287 para que que o executivo de Élisabeth Borne caísse, deixando Macron - e um país - numa crise ainda mais profunda.
As imagens dos últimos dias têm demonstrado cada vez mais violência, dado que o lixo que não tem sido recolhido nas ruas tem sido alvo de alguns manifestantes, que acabam por incendiar os sacos. Apesar de Paris ser o centro dos protestos, os manifestantes repetem estes comportamentos por todo o país, incendiado também caixotes do lixo em, por exemplo, Bordéus.
Na tentativa de controlar os diferentes protestos que se registam em todo o país, o governo francês disse hoje de manhã que "vai obrigar os trabalhadores a regressarem ao trabalho" nos depósitos de carburantes do porto de Fos-sur-Mer, Marselha, onde dezenas de postos de gasolina estão sem combustível devido à falta de abastecimento.
Fontes do Ministério da Transição Energética indicaram que a decisão foi adotada para "fazer face ao agravamento na distribuição de combustíveis" no sudeste de França.
Em concreto, a medida impõe o regresso de três trabalhadores por turno para que possam operar nos depósitos de combustíveis de Fos-sur-Mer, sem interrupções, durante as próximas 48 horas.
As instalações de Fos-sur-Mer abastecem a região da Provença, Costa Azul e também da Aquitânia, além de garantir o funcionamento do oleoduto de Lyon. Todas as refinarias de França estão paradas ou em "processo de suspensão de atividade" por causa das greves contra a reforma das pensões. O executivo receia que mais postos de abastecimento de combustíveis - a nível nacional - venham a ser afetados.
Vários setores aderiram às greves como os transportes e a recolha de resíduos em várias cidades, incluindo Paris. A paralisação dos controladores aéreos obrigaram várias companhias de aviação a anular hoje e na quarta-feira, 20% dos voos nos aeroportos de Orly (Paris) e de Marselha. Os sindicatos franceses convocaram uma nova greve para a próxima quinta-feira contra a lei das pensões que pretende mudar a idade mínima da reforma dos 62 anos para os 64 anos.
Veja as imagens dos protestos que marcam o início desta semana.
[Notícia atualizada às 09h18]
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