Num comunicado publicado no Twitter e citado pela agência de notícias EFE, o diretor-geral de saúde interino do Ministério da Saúde do Quénia, Patrick Amoth, afirmou que o departamento "ativou todos os seus mecanismos de vigilância e resposta" e sublinhou que reforçou a inspeção "em todos os postos fronteiriços entre o Quénia e a Tanzânia e o Uganda".
O Ministério da Saúde do Quénia disse que as autoridades regionais "têm de estar vigilantes para identificar e isolar casos suspeitos para garantir uma gestão apropriada e atempada" da doença similar ao Ébola.
A população, acrescentam as autoridades, devem permanecer "em alerta máximo e informar de qualquer aumento anormal de pessoas que apresentem febre alta de causa desconhecida, e especialmente aquelas com antecedentes de viagens à Tanzânia".
O Uganda tomou medidas semelhantes para evitar a propagação da doença: "O Ministério da Saúde está em alerta máximo e está a realizar avaliações de risco", disse o porta-voz do Ministério da Saúde do Uganda, Emmanuel Ainebyoona, à imprensa local, citada pela EFE.
Ainebyoona acrescentou que as autoridades do país usarão as equipas móveis que usaram para detetar o Ébola durante a última epidemia dessa doença registada no país, cujo fim foi declarado em janeiro, depois de ter causado 55 mortos.
Pelo menos cinco pessoas morreram na Tanzânia devido ao vírus Marburg, um "primo" do Ébola que também causa febre hemorrágica, anunciou na quarta-feira o Ministério da Saúde deste país que faz fronteira com o norte de Moçambique.
"Os resultados do nosso laboratório de saúde pública confirmaram que a doença foi causada pelo vírus de Marburgo", disse a ministra da Saúde, Ummy Mwalimu, apelando à população a permanecer calma, "uma vez que o governo conseguiu conter a propagação da doença".
Três pacientes estavam no hospital e 161 contactos estavam a ser monitorizados pelas autoridades, acrescentou.
"Não há razão para pânico ou interrupção das atividades económicas; temos tudo o que precisamos para controlar esta doença contagiosa", garantiu a ministra.
Também hoje, a Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou mais oito casos confirmados laboratorialmente com o vírus Marburg na Guiné Equatorial, elevando para nove o número total, havendo mais casos 20 prováveis desde o início do surto. No entanto, as autoridades equato-guineenses tinham relatado, até final de fevereiro, 11 mortes devido ao vírus.
"Desde que a primeira notificação de surto foi publicada, a 25 de fevereiro, mais oito casos confirmados em laboratório foram diagnosticado com a doença de Marburg na Guiné Equatorial, o que eleva o total para nove casos confirmados laboratorialmente e 20 casos prováveis", lê-se num comunicado hoje divulgado pela OMS.
"Já houve sete mortes confirmadas em laboratório, e todos os casos prováveis faleceram", acrescenta a OMS, notando que "dos novos oito casos confirmados, dois eram da província de Kié-Ntem, dois do litoral e dois de províncias do centro sul" e avisando que "as áreas que estão a relatar casos distam 150 quilómetros entre elas, o que sugere uma transmissão mais ampla do vírus".
A estes números juntam-se as 11 pessoas cujas mortes são atribuídas à doença, registadas entre 7 de janeiro e 7 de fevereiro, mas que não foram confirmadas em laboratório, pelo que o número total, desde o princípio, poderá estar nos 19 (11 sem confirmação laboratorial e sete confirmadas em laboratório).
O vírus Marburg é um agente patogénico altamente perigoso que causa febre alta, muitas vezes acompanhada de hemorragia multiorgânica, e reduz a capacidade do organismo de funcionar corretamente.
É um membro da família dos filovírus, que também inclui o vírus Ébola, que tem causado várias epidemias mortais em África.
O hospedeiro natural do vírus Marburg é um morcego africano da fruta, que transporta o vírus mas não adoece. Estes animais podem transmiti-lo aos primatas que vivem perto deles, incluindo os humanos. A transmissão intra-humana ocorre então através do contacto com sangue ou outros fluidos corporais.
As taxas de mortalidade por casos confirmados variaram entre 24 e 88% em surtos anteriores, dependendo da estirpe do vírus e do tratamento dos doentes, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Atualmente não existe vacina nem tratamento antiviral, mas estão a ser avaliados tratamentos experimentais, incluindo derivados do sangue, imunoterapias e terapias medicamentosas, segundo a OMS.
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