Ação da polícia nas marchas pacíficas em Moçambique vai ser investigada

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, anunciou hoje averiguações à ação policial das marchas de sábado e à identidade de quem queria atingir "os seus intentos" com a homenagem ao 'rapper' Azagaia, lamentando os distúrbios ocorridos.

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Lusa
23/03/2023 17:16 ‧ 23/03/2023 por Lusa

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Filipe Nyusi

"Orientámos o Ministério do Interior para que proceda a uma averiguação das razões que levaram a Polícia da República de Moçambique a adotar uma postura de confronto físico com os jovens e, igualmente, identificar aqueles que procuraram aproveitar-se da virtude individual do jovem 'rapper' Azagaia para atingir os seus intentos. Queremos dizer que lamentamos o sucedido e tomaremos as devidas medidas para o clarificar e evitar que estas situações voltem a acontecer", declarou Filipe Nyusi, falando à margem de uma cerimónia de graduação na Academia de Ciências Policiais em Maputo.

Segundo Nyusi, os serviços de informação da polícia estavam na posse de informações que mostravam haver "elementos estranhos" e que queriam aproveitar-se dos eventos para criar distúrbios e violência, mas isso não justifica "violência indiscriminada".

"Avaliamos positivamente o trabalho de recolha de informação [pela polícia] e saudamos a necessidade de prevenir a desordem pública no nosso país, contudo, advertimos para que a atuação das forças policiais não se traduza em violência indiscriminada contra civis ou jovens inocentes", disse.

"Sobre esta informação, há vídeos produzidos e difundidos pelos próprios a incitar à violência da camada juvenil, que não politizou o pedido de manifestação, feito com o conhecimento das autoridades autárquicas", observou ainda Nyusi, que ressalvou: "Mesmo havendo infiltrados no seio destes jovens, o trabalho da polícia deve ser de isolar este grupo de gente mal-intencionada e responsabilizá-la de forma exemplar".

Várias entidades e organizações condenaram a violência policial, classificando-a como um dos sinais mais visíveis das limitações à liberdade de expressão e de manifestação no país. No total, segundo a polícia, 14 pessoas foram feridas e outras 36 foram detidas, embora respondam agora em liberdade.

O Centro de Integridade Pública (CIP), organização não-governamental moçambicana, submeteu à Procuradoria-Geral da República (PGR) uma queixa contra o Estado moçambicano "por atos de violação de direitos humanos e fundamentais, por parte da polícia".

Os organizadores das marchas anunciaram também o recurso a autoridades nacionais e estrangeiras para responsabilizar o que classificam como força desproporcionada exercida por aquela corporação.

Leia Também: Repressão policial prova que "Constituição não funciona" em Moçambique

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