Numa conferência de imprensa em Bissau, Leal da Silva afirmou que só em 2022 foram detetadas, pelos serviços de controlo da fronteira, 382 crianças guineenses que regressaram ao país provenientes do Senegal ou interditadas de entrar naquele país.
Os casos relacionam-se com crianças que se apresentam como aprendizes do Corão, mas que acabam na mendicidade nas ruas de Dacar, observou o diretor-geral de Migração, Estrangeiros e Fronteiras.
Lino Leal da Silva referiu que os 382 casos foram registados nos postos de fronteiras com o Senegal, provaram que existe "um fluxo grande de crianças talibés" da Guiné-Bissau para o Senegal.
Talibé é o nome dado a uma criança que deixa o seu ambiente familiar para aprender o Corão junto de um mestre corânico na sua aldeia ou numa outra comunidade que pode ser num outro país.
O responsável dos serviços de Fronteiras da Guiné-Bissau instou os guineenses a deixarem a prática que disse ser vergonhosa para o país.
"As pessoas devem acabar com esta situação. As pessoas incutem esse espírito de que somos coitados e, por isso, têm de colocar as crianças na mendicidade, isso é muito feio, é vergonhoso até ver crianças guineenses a pedir esmola nas ruas de Dacar ou aqui em Bissau", considerou Lino Leal da Silva.
O diretor-geral das Fronteiras instou os mestres corânicos (professores do ensino islâmico) a "fazerem como os católicos" que, disse, ensinam as crianças em locais organizados.
"A partir de segunda-feira estaremos em todas as artérias de Bissau para fiscalizar: A criança apanhada na rua a pedir esmola o seu mestre corânico será chamado para responder perante a lei", avisou Lino Leal da Silva.
O Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló deu um ultimato ao novo ministro do Interior, Soares Sambu, para acabar com as crianças na mendicidade nas ruas do país e o governante disse que a ordem começa a ser cumprida a partir de segunda-feira.
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