Paris reafirmou igualmente "o seu empenho constante e determinado na liberdade de imprensa, na liberdade de expressão e na proteção dos jornalistas e de todos aqueles cuja expressão contribui para uma informação livre e plural e para o debate público, em todo o mundo", acrescentou o Quai d'Orsay numa declaração.
As autoridades militares do Burkina Faso ordenaram hoje a suspensão por tempo indeterminado da transmissão do canal de televisão France 24 no seu território, na sequência da entrevista a Abou Obeida Youssef al-Annabi, líder da AQMI.
"Ao abrir a antena ao primeiro responsável pela AQMI, a France 24 (...) oferece um espaço para legitimar as ações terroristas. O governo decidiu, portanto, com plena responsabilidade, e em nome do superior interesse da nação, a suspensão por tempo indeterminado da transmissão dos programas da France 24 em todo o território nacional", segundo um comunicado assinado pelo porta-voz do Governo, Jean-Emmanuel Ouedraogo.
Em 06 de março, a France 24 transmitiu respostas escritas de Al-Annabi a 15 perguntas feitas pelo jornalista do canal francês e especialista em questões 'jihadistas', Wassim Nasr.
Além da declaração da diplomacia francesa, a direção da France 24 também reagiu à suspensão, em que lamenta igualmente a decisão e "contesta as acusações infundadas que põem em causa o profissionalismo do canal", expressando indignação "pelas observações ultrajantes e difamatórias feitas pelo governo burquinabê".
A direção da France 24 alega que não tinha dado a palavra diretamente ao líder da AQIM, mas através de uma "crónica" que forneceu "o necessário distanciamento e contextualização" e confirmou "pela primeira vez" que o refém francês Olivier Dubois, recentemente libertado, estava em poder da AQIM.
No início de dezembro, as autoridades de Ouagadougou já tinham suspendido a emissão da Radio France Internationale (RFI), do mesmo grupo da France 24, France Médias Monde.
A RFI foi nomeadamente acusada de ter transmitido "uma mensagem de intimidação" atribuída a um "líder terrorista".
O Burkina Faso, governado por uma junta militar desde o golpe de Estado de janeiro de 2022, contra o então Presidente Roch Marc Christian Kaboré, vive uma insegurança crescente desde 2015.
A junta militar é agora liderada por Ibrahim Traoré, que protagonizou uma revolta em setembro considerada com um "golpe palaciano" contra o até então líder, Paul-Henri Sandaogo Damiba.
Desde 2015, o Burkina Faso vive uma espiral de violência perpetrada por organizações fundamentalistas islâmicas ligadas à Al-Qaida e ao grupo extremista Estado Islâmico, que causaram um total de 10 mil mortos - civis e soldados - segundo organizações não-governamentais, e cerca de dois milhões deslocados.
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