"A situação na Ucrânia mantém-se caracterizada por uma grande incerteza em virtude da evolução da situação da guerra. As boas notícias são que durante o inverno foi possível criar condições - apesar de todos os obstáculos, designadamente a falta de acesso a eletricidade - para que as comunidades na Ucrânia ultrapassassem o período mais difícil do inverno", disse à Lusa António Vitorino.
Contudo, e apesar do fim do inverno, o português frisou que se colocam agora questões de outra natureza, como a reconstrução ou o apoio contínuo às pessoas internamente deslocadas, que continuam a "necessitar de tudo".
"Estamos a falar de 5,4 milhões de pessoas deslocadas internamente. Mesmo aquelas que regressam aos lugares de origem necessitam de apoio alimentar, de acesso à água, de roupas e também de apoio financeiro para poderem viver. Em segundo lugar, a nossa preocupação é também criar as condições para aqueles que regressam para reconstruírem as suas vidas", indicou.
"E isso implica reconstruir o país que ficou destruído pelo conflito, designadamente as instalações coletivas, a distribuição da energia ou da água, mas também as escolas e locais de trabalho. Pôr a funcionar um conjunto de pequenas e médias empresas que podem criar emprego. Isso é essencial para retomar a vida quotidiana na Ucrânia", salientou o líder da OIM.
Ao ordenar a invasão da Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, o Presidente russo, Vladimir Putin, desencadeou uma guerra que fez, num ano, dezenas de milhares de mortos, devastou cidades e afundou a economia do país.
Após o desenrolar do conflito, uma maiores preocupações da comunidade internacional tem sido a deslocação forçada de crianças ucranianas para a Rússia.
Nesse sentido, a presidente da Comissão Europeia anunciou na semana passada uma iniciativa conjunta com o primeiro-ministro da Polónia e com o apoio das Nações Unidas, para resgatar as mais de 16.000 crianças raptadas pela Federação Russa.
Questionado sobre se a OIM poderá apoiar esses esforços, António Vitorino afirmou que apoia a decisão tomada pelas Nações Unidas no sentido de se juntar à Comissão Europeia e à Polónia para exigir o regresso dessas crianças, mas observou que a sua organização não tem acesso aos ucranianos que estão em território russo.
"Portanto, o nosso apoio é um apoio de sustentação da reivindicação e do pedido feito às autoridades russas", frisou.
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