O chefe do grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, afirmou, este domingo, que os mercenários hastearam a bandeira da Rússia no edifício da administração da cidade de Bakhmut, que tem sido palco dos principais confrontos entre as tropas russas e ucranianas.
"De um ponto de vista legal, Bakhmut foi tomada", disse o responsável, citado pelo seu serviço de imprensa na plataforma Telegram. “O inimigo está concentrado nas regiões ocidentais”.
Segundo Prigozhin, a bandeira russa foi hasteada com a inscrição “Em memória a Vladlen Tatarsky”, o militar e blogger pró-russo morto hoje numa explosão em São Petersburgo.
"Os comandantes das unidades que ocuparam a Câmara Municipal e todo o centro irão levantar esta bandeira", disse Prigozhin. "Esta é a empresa militar privada Wagner, estes são os tipos que tomaram Bakhmut". De um ponto de vista legal, é nossa", afirmou.
Algumas horas antes, a defesa ucraniana tinha afirmado o contrário: "o inimigo não deteve o assalto a Bakhmut. No entanto, os defensores ucranianos mantêm corajosamente a cidade, repelindo numerosos ataques inimigos", disse o estado-maior ucraniano na rede social Facebook, no domingo à noite.
Segundo a imprensa russa, a explosão aconteceu num café no centro da cidade de São Petersburgo, que já pertenceu ao líder do grupo de mercenários. Numa outra publicação, comentou o incidente, mas frisou que está a par dos "detalhes" e que só foi "informado de que, infelizmente, Vladlen Tatarsky morreu".
Prigozhin confirmou que "cedeu a café" ao movimento patriótico 'Cyber Front Z' e que, desde então, têm sido lá "realizadas várias palestras".
"Muito provavelmente, essa tragédia aconteceu numa palestra", considerou. No entanto, afirmou que "não culparia o regime de Kyiv" pelo incidente, mas sim "um grupo de radicais que pouco tem a ver com o governo".
Bakhmut, uma cidade de cerca de 70 mil habitantes antes da guerra, tem sido palco de combates durante meses. Devido à duração da batalha e às pesadas perdas sofridas por ambos os lados, a cidade tornou-se o símbolo da luta entre russos e ucranianos pelo controlo da região industrial de Donbass.
As tropas russas têm vindo a avançar a norte e a sul da cidade nos últimos meses, cortando várias rotas de abastecimento ucranianas, ao mesmo tempo que assumem o controlo da parte oriental. A 20 de março, Yevgeny Prigozhin afirmou que a Wagner controlava 70% de Bakhmut.
Apesar de vários aliados e analistas defenderem que as forças ucranianas deviam abandonar Bakhmut, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, recusa-se a entregar a cidade, que se tornou num símbolo da resistência à invasão russa, apesar de, no discurso de domingo à noite, ter reconhecido que a situação em Bakhmut era difícil para as tropas do país.
O conflito entre a Ucrânia e a Rússia começou a 24 de fevereiro de 2022 com o objetivo, segundo Vladimir Putin, de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia. A operação foi condenada pela generalidade da comunidade internacional.
A ONU confirmou que mais de oito mil civis morreram e cerca de 14 mil ficaram feridos na guerra, sublinhando que os números reais serão muito superiores e só poderão ser conhecidos quando houver acesso a zonas cercadas ou sob intensos combates.
[Notícia atualizada às 06h19]
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