Numa declaração à imprensa acompanhado do secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, à margem de um Conselho de Energia UE-Estados Unidos que se celebra hoje em Bruxelas, o Alto Representante da União para a Política Externa e de Segurança apontou que uma das questões abordadas na discussão bilateral realizada hoje de manhã foi o papel da China no conflito, que voltou a deplorar, face à proximidade com Moscovo, "o agressor".
"Já foi há mais de um ano que [o Presidente russo, Vladimir] Putin começou a destruir a Ucrânia e parece determinado em continuar com a sua brutal carnificina e destruição. E continua a apostar na escalada apesar de não conseguir nada. A sua mais recente 'jogada' nuclear, a movimentação de armas nucleares para a Bielorrússia, constitui uma nova escalada e coloca uma ameaça direta à segurança europeia", começou por notar.
Borrell observou então que "isto ocorre ironicamente depois de o Presidente chinês Xi [Jinping] ter visitado Moscovo e mencionado a necessidade de paz e terem concordado com a necessidade de não deslocar armas nucleares para o exterior. E alguns dias depois, a Rússia instalou armas nucleares táticas na Bielorrússia".
"Discutimos com o secretário Blinken o papel da China e o seu apoio à violação, por parte da Rússia, da Carta das Nações Unidas. Há uma expectativa clara relativamente a um membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas sair em defesa da ordem internacional baseada nas regras, e a China tem um dever moral de contribuir para uma paz justa. Não pode pôr-se do lado do agressor nem apoiá-lo militarmente. Esta é a nossa mensagem para a China", disse, sublinhando que tal é transmitido a Pequim em todas as ocasiões.
O chefe da diplomacia lembrou que, hoje mesmo, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, viaja rumo a Pequim na companhia do Presidente francês, Emmanuel Macron, depois de o chefe de Governo espanhol, Pedro Sánchez, se ter deslocado à China na semana passada, e apontou que ele próprio deslocar-se-á a Pequim na próxima semana.
No entanto, estes esforços diplomáticos são condicionados pelas posições da China relativamente à guerra na Ucrânia, reiterou.
"Temos sido claros. As posições da China relativamente às atrocidades e crimes de guerra cometidos pela Rússia na Ucrânia determinarão a qualidade das nossas relações com Pequim", disse.
Blinken apontou que "as discussões de hoje reforçaram uma ideia que é evidente há já algum tempo: as relações entre os Estados Unidos e a União Europeia nunca foram mais fortes ou mais importantes".
"Após mais de um ano de guerra de agressão da Rússia na Ucrânia, os desafios para a relação transatlântica não podiam ser mais altos", disse, congratulando-se por Estados Unidos e União Europeia estarem a trabalhar em estreita cooperação, e "com uma larga coligação de parceiros por todo o mundo, para garantir que a Ucrânia pode defender-se, pode defender o seu povo, o seu território e o direito a escolher o seu rumo".
Blinken agradeceu o "apoio extraordinário da União Europeia" à Ucrânia nos mais diversos domínios, também através das sanções à Rússia, e enfatizou o forte apoio militar que os 27 têm prestado a Kiev, e saudou em particular o recente anúncio de dois mil milhões de euros adicionais em munições acordado pelo bloco comunitário.
A terminar, o secretário de Estado norte-americano adiantou que um dos temas a abordar no Conselho ministerial de Energia UE-EUA é como prosseguir os esforços conjuntos para reduzir cada vez mais a dependência relativamente à energia russa.
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