Taiwan procura "evitar interferência" chinesa nas suas águas territoriais
O governo de Taiwan está a trabalhar para "evitar a interferência" da China nas suas águas territoriais, realçou hoje a líder deste território, depois das autoridades marítimas chinesas terem ameaçado realizar inspeções a navios de mercadorias e passageiros.
© Gallo Images / Orbital Horizon/Copernicus Sentinel Data 2019
Mundo Taiwan
"Durante a minha ausência, a nossa equipa de segurança nacional tem monitorizado de perto a situação. O que fizemos foi garantir que os nossos navios possam navegar com segurança no mar e impedir a interferência da China nas nossas águas territoriais", explicou Tsai antes de deixar os Estados Unidos, onde se encontrou com o presidente da Câmara de Representantes, o Republicano Kevin McCarthy.
Taiwan anunciou ter detetado hoje três navios de guerra chineses e um helicóptero anti-submarino perto da ilha, depois do encontro entre a líder taiwanesa e o presidente da Câmara de Representantes norte-americana.
A China considera que a ilha democrática e autónoma de Taiwan é uma das suas províncias a ser retomada, favorecendo a "reunificação pacífica", mas não excluindo o uso da força.
Em nome do princípio "uma só China", nenhum país deve ter laços oficiais com Pequim e Taipé ao mesmo tempo.
Apenas 13 estados ainda reconhecem Taiwan, incluindo Belize e Guatemala, países latino-americanos que Tsai visitou nos últimos dias para cimentar a relação com os poucos aliados oficiais, após uma primeira paragem em Nova Iorque.
Mas os Estados Unidos mantêm há muito tempo uma "ambiguidade estratégica" sobre a questão de Taiwan. Washington reconheceu Pequim desde 1979, mas continua a ser o mais poderoso aliado de Taiwan e o principal fornecedor de armas.
Com Tsai, Taiwan aproximou-se dos Estados Unidos, tendo McCarthy apelado para a "continuação das vendas de armas" a Taiwan, defendendo serem a "melhor maneira" de evitar uma invasão chinesa da ilha.
"Esta é uma lição chave que aprendemos com a Ucrânia, que a ideia de meras sanções no futuro não irá deter ninguém", disse o Republicano aos jornalistas.
A diplomacia norte-americana exortou hoje Pequim a escolher o caminho da "diplomacia" e não o da "pressão" sobre Taiwan, logo após o envio pela China de navios de guerra para as águas ao redor da ilha.
"Continuamos a pedir a Pequim que cesse a sua pressão militar, diplomática e económica sobre Taiwan e opte por exercer uma diplomacia construtiva", disse o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Vedant Patel, a jornalistas.
A relação entre a China e os Estados Unidos deteriorou-se nos últimos anos, face a uma prolongada guerra comercial e tecnológica e diferendos em questões de direitos humanos, a soberania do mar do Sul da China ou o estatuto de Hong Kong.
Os Estados Unidos são o maior fornecedor de armas de Taiwan e seriam o principal aliado no caso de uma invasão chinesa.
China e Taiwan vivem como dois territórios autónomos desde 1949, altura em que o antigo governo nacionalista chinês se refugiou na ilha, após a derrota na guerra civil frente aos comunistas. Pequim considera a ilha parte do seu território e ameaça a reunificação através da força, caso Taipé declare formalmente a independência.
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