"Portugal tem historicamente laços muito estreitos com África, América Latina, Brasil, Ásia, é muito ativo nas relações com o designado sul global" e tem possibilidade de "explicar a situação e porque é do interesse de todos os países do mundo, dos 193 Estados-membros da ONU, que a Ucrânia deve restaurar totalmente a integridade territorial", afirmou o Presidente letão.
Levits fazia uma declaração conjunta com o seu homólogo português Marcelo Rebelo de Sousa após uma receção oficial no Palácio de Belém no primeiro dia da sua visita oficial ao país.
Na sua declaração em inglês, e sem serem autorizadas perguntas pelos jornalistas, Levits, no cargo desde julho de 2019, destacou a contribuição dos dois países para a paz e segurança na Europa, na qualidade de membros da União Europeia e da NATO, e em particular o policiamento aéreo da Aliança militar ocidental na região do Báltico, com participação de Portugal.
Previamente, a na sua declaração também em inglês e numa referência ao conflito na Ucrânia, Marcelo Rebelo de Sousa tinha já frisado o papel de Portugal no "envolvimento de outros países" e na necessidade de "sensibilização".
"Não é apenas uma guerra europeia, não é uma guerra local, não é uma guerra regional, é uma guerra global. É muito frequentemente que países nestes diferentes continentes, estando distantes do que veem como um conflito europeu, não compreendam quão importante é ter esta visão global. (...) Falo de países africanos, do Próximo e Médio Oriente e outros países, mas especificamente destas áreas vizinhas em que intervenções russas estão a tentar enfraquecer os flancos sul e sudeste da União Europeia e da NATO", disse Marcelo.
A guerra da Ucrânia foi tema dominante na breve declaração do líder letão, ao denunciar a agressão contra um país soberano e independente que tem por objetivo "extingui-lo", sendo um dever comum apoiar a resistência, em nome dos princípios da lei internacional e num contexto de "desafio global à segurança e à paz mundial" por parte da Rússia.
Na sua vista oficial de três dias, que hoje se iniciou, o Presidente do pequeno Estado do Báltico, com formação em Direito e Ciência Política, destacou a cooperação entre Lisboa e Riga em diversos organismos internacionais, sublinhou o apoio político e humanitário comum a Kiev e destacou a organização de um fórum económico entre os dois países, na quinta-feira, com a assinatura de um memorando conjunto de entendimento na área da biomédica.
No final das suas declarações, o chefe de Estado letão também sublinhou a necessidade de reforçar a solidariedade europeia, para que a Europa assuma uma função de ator global.
Na agenda de hoje, Eglis Levits tem previsto um almoço de trabalho com o chefe da diplomacia João Gomes Cravinho, uma deslocação à Câmara Municipal de Lisboa e um jantar oficial oferecido pelo homólogo português.
Para a sexta-feira, último dia da visita de Estado, desloca-se a Évora para a apresentação da capital europeia da cultura Évora 2027 e capital europeia da cultura Liepaja 2027 (a terceira cidade da Letónia), antes da assinatura de um memorando de entendimento entre as duas cidades.
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