China garante que não venderá armas a nenhuma das partes na Ucrânia
A China não vai vender armas para nenhum dos lados em conflito na Ucrânia, garantiu hoje o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, em resposta às preocupações ocidentais de que Pequim pode fornecer assistência militar a Moscovo.
© GREG BAKER/AFP via Getty Images
Mundo Ucrânia/Rússia
Pequim tem-se mostrado neutra acerca da invasão russa da Ucrânia, ao mesmo tempo que apoia Moscovo politicamente, retoricamente e economicamente, numa altura em que os aliados ocidentais impuseram sanções e procuram isolar a Rússia.
Qin Gang tornou-se o responsável chinês de mais alto escalão a fazer uma declaração tão explicita sobre a venda de armas à Rússia, noticiou a agência Associated Press (AP).
O chefe da diplomacia chinesa acrescentou que a China também irá regular a exportação de artigos com uso duplo: civil e militar.
"Em relação à exportação de itens militares, a China adota uma atitude prudente e responsável", frisou Qin, durante uma conferência de imprensa ao lado da homóloga alemã, Annalena Baerbock.
"A China não fornecerá armas às partes relevantes do conflito e administrará e controlará as exportações de itens de uso duplo de acordo com as leis e regulamentos", assegurou.
O ministro chinês também reiterou a disponibilidade da China em ajudar a encontrar uma solução pacífica para o conflito.
Em fevereiro, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, disse que os EUA tinham dados de inteligência que sugeriam que a China estava a considerar fornecer armas e munições à Rússia, alertando que tal envolvimento no esforço de guerra do Kremlin seria um "sério problema".
A Casa Branca saudou hoje as garantias feitas por Qin de que a China não fornecerá armas à Rússia, mas expressou uma certa apreensão.
"Como dissemos sempre, não acreditamos que seja do interesse da China seguir nessa direção. Continuaremos a monitorizar de perto", destacou a porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, Adrienne Watson, em comunicado.
Líderes europeus emitiram advertências semelhantes, mesmo durante visitas à China, e o chefe de política externa da União Europeia, Josep Borrell, atacou Pequim, dizendo que o seu apoio à Rússia durante a invasão foi "uma violação flagrante" dos seus compromissos com as Nações Unidas.
A diplomata alemã, também se referiu hoje ao papel da China como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, referindo que tinha uma responsabilidade especial para ajudar a acabar com o conflito.
"Devo dizer abertamente que me pergunto por que razão a posição chinesa não incluiu até agora um pedido ao agressor russo para parar a guerra", disse Annalena Baerbock.
A chefe da diplomacia alemã sublinhou que "nenhum outro país tem mais influência na Rússia do que a China".
Em visita a Moscovo no mês passado, o líder chinês Xi Jinping destacou que Pequim se está a tornar cada vez mais um parceiro relevante dos russos, pela cobertura política e parceria económica.
O ministro da Defesa chinês, Li Shangfu, vai visitar a Rússia de domingo a quarta-feira a convite do homólogo russo, Serguei Shoigu, onde se reunirá com as chefias militares locais, anunciou também hoje um porta-voz de Pequim.
Segundo Tan Kefei, o ministro chinês, no cargo desde 12 de março passado, vai visitar também várias academias russas, no quadro do reforço da "associação estratégia integral".
As forças armadas chinesas e russas "têm mantido uma estreita interação" que levou a "novos desenvolvimentos na comunicação estratégica, exercícios militares conjuntos e cooperação pragmática", disse Tan.
Em fins de março, os militares chineses declararam que estavam "prontos para aumentar a cooperação e a comunicação" com as forças armadas russas.
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