Incidentes antissemitas aumentam nos EUA e diminuem na Europa

Os incidentes antissemitas aumentaram nos Estados Unidos em 2022, particularmente entre judeus ultraortodoxos, mas diminuíram em vários países da Europa, segundo um relatório divulgado hoje em Jerusalém.

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Lusa
17/04/2023 12:35 ‧ 17/04/2023 por Lusa

Mundo

Relatório

No relatório, elaborado pela organização judaica Liga Antidifamação, estão registados 3.697 incidentes nos Estados Unidos da América (EUA), em comparação com 2.717 em 2021.

A polícia de Nova Iorque, a cidade com o maior número de agressões no país, registou 261 crimes de ódio contra judeus, contra 214 em 2021.

"É alarmante ver o aumento significativo de incidentes e tendências antissemitas nos EUA e noutros países", disse o diretor executivo da Liga, Jonathan Greenblatt, citado pela agência espanhola EFE.

O relatório foi divulgado hoje pelo Centro de Estudos do Judaísmo Europeu Contemporâneo da Universidade de Telavive por se assinalar, em Israel, o Dia da Memória do Holocausto, ou 'Yom HaShoá' em hebraico.

Enquanto o antissemitismo global diminuiu na Europa, há países onde tais incidentes aumentaram, como Bélgica, Hungria e Itália.

Os ataques físicos contra judeus, na maioria não premeditados, tendem a ocorrer nas ruas ou nos transportes públicos, perto ou em sinagogas nos centros urbanos, de acordo com os autores do relatório.

"Os judeus haredi [ultraortodoxos] são as principais vítimas, não só porque são facilmente identificáveis como judeus, mas também porque são vistos como vulneráveis e pouco suscetíveis de se defenderem", lê-se no relatório.

Os autores do estudo defenderam que o aumento do antissemitismo nos EUA pode ser explicado pela disseminação de propaganda antissemita por supremacistas brancos, que triplicou com 852 incidentes.

Outros fatores são as tensões sociais causadas pela pandemia de covid-19, as reações negativas às operações militares de Israel nos territórios palestinianos ocupados, o aumento do radicalismo e a proliferação de teorias conspiratórias nas redes sociais.

Israel não ficou isento de crimes de ódio, mas ao contrário, particularmente por deputados judeus supremacistas contra outras etnias, especialmente os árabes, um aspeto que o relatório refere pela primeira vez.

"Nos últimos meses, vários deputados judeus fizeram comentários racistas arrepiantes, que em qualquer outro país ocidental teriam terminado a sua carreira", comentou o diretor do Centro de Estudos do Judaísmo Europeu Contemporâneo, Uriya Shavit,

"É triste dizer isto na véspera do Dia de Memória do Holocausto, mas o racismo judeu não é melhor do que outro racismo. Deve ser condenado, banido e erradicado", acrescentou.

Em contraste com os Estados Unidos, o antissemitismo diminuiu noutros países, incluindo Áustria, França, Alemanha, Reino Unido, Canadá e Argentina.

Na Alemanha, foram registados 2.649 "crimes políticos com antecedentes antissemitas", contra um recorde de 3.028 em 2021, de acordo com o estudo.

Na Rússia, há preocupantes comentários antissemitas de funcionários e intelectuais próximos do Presidente Vladimir Putin, bem como uma "distorção cínica da memória do Holocausto pelo regime", segundo os autores do estudo.

O Dia de Memória do Holocausto é celebrado em Israel no dia 27 do mês hebraico de Nisan, entre os meses de março e abril do calendário gregoriano, que ocorre, este ano, entre as noites de 17 e 18 de abril.

A cerimónia terá lugar no Museu do Holocausto em Jerusalém, com a presença do Presidente israelita, Isaac Herzog, e do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, bem como de vários sobreviventes do Holocausto.

O Holocausto designa o extermínio sistemático de milhões de pessoas, especialmente judeus e outras minorias étnicas ou sociais, executado pelo regime nazi alemão nas décadas de 1930 e 1940.

A política de "solução final", como foi designada pelo regime nazi, incluiu o recurso a câmaras de gás em campos de concentração e de extermínio.

O regime nazi foi derrubado com a derrota alemã na Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Leia Também: Comunidade judaica de Roma queixa-se do antissemitismo de claque da Lazio

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