Ucrânia. MNE ucraniano cético quanto a êxito de esforços de paz
O ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE) ucraniano, Dmytro Kuleba, hoje em visita ao Iraque, declarou-se cético quanto às hipóteses de êxito de quaisquer esforços de paz entre Kiev e Moscovo, sustentando que "a Rússia quer a guerra".
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Mundo Ucrânia/Rússia
"Neste momento, a Rússia quer a guerra. Os esforços de paz levarão tempo", declarou Kuleba, cujo país está em guerra com a Rússia desde que esta o invadiu, em fevereiro do ano passado.
"Não se pode dizer que se é a favor da paz enquanto se tenta conquistar mais territórios, se comete mais atrocidades e se destrói aldeias e cidades", argumentou o MNE ucraniano, numa conferência de imprensa em Bagdad com o seu homólogo iraquiano, Fuad Hussein.
As propostas de mediação entre Ucrânia e Rússia multiplicaram-se nas últimas semanas, tendo, por exemplo, no domingo, o Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, indicado que debateu com a China e os Emirados Árabes Unidos uma mediação conjunta, acusando os Estados Unidos e a União Europeia (UE) de prolongarem o conflito.
E no sábado, o Presidente francês, Emmanuel Macron, debatera com o seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, "as próximas etapas para a realização de uma cimeira para a paz".
"A Rússia deve aceitar uma coisa muito simples: pôr fim à guerra e retirar de território ucraniano. Isso criará espaço para a diplomacia", sublinhou Kuleba, recordando que "a recuperação da integridade territorial da Ucrânia" representa "a pedra angular" para qualquer iniciativa de paz.
O Iraque também propôs uma mediação, após conversações inéditas entre o Irão e a Arábia Saudita iniciadas em 2021. Os dois grandes adversários regionais anunciaram finalmente em março um reatamento das relações diplomáticas sob a égide de Pequim.
Hoje, o chefe da diplomacia iraquiana assegurou que Bagdad está disposta a "ajudar" a Rússia e a Ucrânia "a alcançar primeiro um cessar-fogo e, depois, a iniciar negociações".
"Quando as duas partes estiverem convencidas de que é necessário iniciar o diálogo, Bagdad estará ao serviço de ambas", acrescentou.
Esta é a primeira visita em 11 anos ao Iraque de um ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia e a primeira deslocação a Bagdad de Dmytro Kuleba desde o início da invasão russa, a 24 de fevereiro do ano passado, ocorrendo na sequência da visita à capital iraquiana, em fevereiro, do chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov.
Escudada nos seus parceiros ocidentais, a Ucrânia está a tentar consolidar os seus apoios diplomáticos entre os países emergentes, em particular no Médio Oriente e na Ásia.
Em outubro, Kuleba efetuou o primeiro périplo africano da história do seu país -- que acabou por ser interrompido por causa da guerra.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,6 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,1 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Neste momento, pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que hoje entrou no seu 418.º dia, 8.490 civis mortos e 14.244 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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