"Estamos a fazer tudo o que os nossos parceiros propuseram, exceto o que é contrário à nossa legislação e à Constituição", que estipula que a Crimeia faz parte da Ucrânia, disse Zelensky numa conferência de imprensa na África do Sul.
A Rússia anexou a Crimeia em 2014, e o Presidente norte-americano, Donald Trump, criticou Zelensky na quarta-feira por insistir que a península do Mar Negro deve ser devolvida à Ucrânia.
Zelensky decidiu encurtar a visita oficial à África do Sul depois de a Rússia ter realizado um ataque de grande envergadura contra a Ucrânia durante a noite, incluindo a capital Kiev, que causou nove mortos e mais de 80 feridos.
Depois de um encontro com o Presidente Cyril Ramaphosa, o líder ucraniano denunciou a falta de "forte pressão" sobre a Rússia que leve Moscovo a parar a guerra ou a aceitar uma trégua incondicional.
"Acreditamos que com mais pressão sobre a Rússia (...) conseguiremos reunir as partes para um cessar-fogo incondicional", afirmou Zelensky, citado pela agência de notícias France-Presse (AFP).
Na conferência de imprensa conjunta com Ramaphosa, Zelensky descreveu o ataque russo de hoje como um dos mais complexos dos últimos tempos e associou-o ao desejo da Rússia de exercer pressão sobre os Estados Unidos.
"Foram registados 215 ataques de 'drones', mísseis balísticos e outros mísseis contra infraestruturas civis, pessoas, setor residencial, várias infraestruturas", afirmou, segundo a agência de notícias Ukrinform.
Zelensky disse que a Rússia compreende que a Ucrânia "está de pé, a defender os seus direitos".
Por conseguinte, "está a pressionar o nosso povo, a pressionar a América, que é aquilo a que eu também associo o ataque de hoje, ou acima de tudo", observou.
A Rússia negou ter atacado alvos civis e disse que o bombardeamento visou instalações militares, como empresas de aviação, produção de mísseis, fábricas de tanques e máquinas, bem como infraestruturas para a produção de combustível e munições.
Zelensky disse que falou com Ramaphosa sobre "a importância de unir forças a nível mundial para exercer mais pressão sobre a Rússia", de forma a alcançar a paz e acabar com a guerra.
"Também falámos sobre a importância do G20. A África do Sul está a presidir o G20 [este ano] e o papel do G20 na defesa da paz pode ser muito maior", acrescentou, também citado pela agência de notícias espanhola EFE.
O G20 reúne os ministros da Finanças e chefes dos bancos centrais das maiores economias do mundo, mais a União Africana e União Europeia.
Além do G20, a África do Sul e a Rússia também são parceiras no grupo de mercados emergentes conhecido por BRICS (acrónimo de Brasil, Rússia, Índia, China e South Africa).
Ramaphosa apelou à Rússia e à Ucrânia para que assegurem um cessar-fogo incondicional e abrangente, de modo a que novas discussões possam conduzir a conversações de paz entre os dois países.
O Presidente sul-africano disse que falou com Donald Trump e com o homólogo russo, Vladimir Putin.
"Expressámos a nossa disponibilidade para trabalhar em conjunto para encontrar uma forma pacífica de acabar com o conflito na Ucrânia", afirmou, citado pela Ukrinform.
Acrescentou que Zelensky o informou de que a parte ucraniana está disposta a encetar conversações e negociações com a Rússia, bem como a aplicar um cessar-fogo incondicional, total e abrangente.
[Notícia atualizada às 14h30]
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