Sudão: Líder humanitário da ONU lamenta "revés devastador"

O subsecretário-geral para Assuntos Humanitários da Organização das Nações Unidas (ONU), Martin Griffiths, lamentou hoje o "revés devastador" que os recentes combates no Sudão representam para o povo do país e pediu o fim do conflito.

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© REUTERS/Carlo Allegri

Lusa
17/04/2023 19:33 ‧ 17/04/2023 por Lusa

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Em comunicado, Griffiths disse estar profundamente preocupado com o número crescente de mortos e feridos, "que só aumentarão à medida que os combates continuarem nas áreas urbanas", e admitiu estar "horrorizado" com a morte de trabalhadores humanitários, incluindo três funcionários do Programa Alimentar Mundial (PAM).

Com foco nas questões humanitárias, Griffiths sublinhou que mesmo antes deste episódio de violência entre o exército sudanês e os paramilitares das Forças de Apoio Rápido (RSF), as necessidades humanitárias já eram elevadas no país, com um terço da população -- 16 milhões de pessoas -- a precisar de ajuda humanitária.

"Relatos de que hospitais e infraestruturas de água e eletricidade foram atacados são extremamente alarmantes. Os confrontos estão a impedir que as pessoas -- especialmente nas cidades -- tenham acesso a alimentos, água, educação, combustível e outros serviços essenciais. Os serviços de saúde, já precários, podem ser ainda mais levados ao limite", diz o comunicado.

Este conflito "apenas agrava o que já era uma situação frágil", forçando as agências da ONU e parceiros humanitários a encerrar temporariamente muitos dos seus mais de 250 programas no Sudão", lamentou o líder humanitário das Nações Unidas.

"Os impactos desta suspensão far-se-ão sentir de imediato, sobretudo nas áreas da segurança alimentar e apoio nutricional, num país onde cerca de quatro milhões de crianças e mulheres grávidas e lactantes sofrem de desnutrição grave", sublinhou o subsecretário-geral.

A organização Save the Children anunciou hoje a suspensão temporária da maioria das suas operações no Sudão, devido aos confrontos entre o exército e as Forças de Apoio Rápido e ao roubo de equipamento da organização.

Saqueadores roubaram material médico para crianças, bem como computadores portáteis, carros e um frigorífico, num assalto aos escritórios da Save the Children na região do Darfur.

Nesta região, há "dificuldades" para prestar serviços médicos nos centros de saúde, explicou, em comunicado, a organização não-governamental (ONG) de defesa dos direitos da criança no mundo.

O PAM já tinha anunciado no domingo a suspensão das suas operações após a morte de três funcionários.

"Também estou preocupado com relatos de saques em larga escala de ajuda e de danos a instalações humanitárias, o que apenas dificultará os nossos esforços para alcançar os necessitados", disse hoje Martin Griffiths.

"A luta deve parar. A ajuda humanitária deve chegar com segurança a quem dela precisa. As pessoas devem ter acesso seguro a serviços e produtos básicos e assistência humanitária. Hospitais e infraestruturas essenciais para o abastecimento de água e eletricidade devem ser protegidos", concluiu.

O Sudão entrou hoje no terceiro dia consecutivo de combates, que continuam a atingir Cartum e noutras regiões do norte e oeste do país.

O exército informou no domingo que a situação geral é "muito estável" e que houve apenas "confrontos limitados" com as RFS, principalmente na capital sudanesa.

As forças armadas afirmam controlar a maioria das instalações militares e infraestruturas vitais em Cartum, e apreenderam o estratégico aeroporto de Merowe no norte do Sudão, bem como grandes partes da conturbada área de Kordofan e outras regiões das RFS.

Face à escalada da violência nas cidades densamente povoadas, o exército e as RFS aceitaram no domingo uma proposta da ONU para estabelecer corredores humanitários e cessar os combates nas zonas residenciais durante um breve período de três horas, o que permitiu a evacuação de mais de mil residentes na capital, informaram à EFE fontes do Crescente Vermelho Sudanês.

Segundo o Comité Médico Central Sudanês, pelo menos 97 civis foram mortos e 942 outros feridos durante os combates no fim de semana.

Leia Também: Líder do exército do Sudão diz que vencerá "sem dúvida"

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