"Alguns dias antes de ser proferida a sentença [contra o opositor Vladimir Kara-Murza], abandonei a Rússia", disse hoje Prokhorov numa entrevista à rádio Voice of America (VOA), na sua versão em língua russa.
Prokhorov explicou que tanto o procurador do ministério público como o juiz lhe disseram "que devia ser expulso da ordem dos advogados" e que também teria de ser instaurado contra ele um processo criminal.
Além disso, relatou ter recebido uma advertência verbal direta de um político russo sobre o interesse demonstrado pelo vice-procurador-geral.
"Na Rússia, já atacam não só os jornalistas, como antes faziam com os políticos, como atacam também os advogados. Vários dos meus colegas encontram-se atrás das grades", observou.
Sobre o julgamento do opositor Vladimir Kara-Murza, que acabou com a sua condenação a 25 anos de prisão por alta traição, entre outros crimes, Prokhorov disse que o fez lembrar os julgamentos sumários realizados durante as purgas estalinistas dos anos 1930.
Este advogado defendeu também Ilia Yashin, condenado a oito anos e meio de prisão por acusar o exército russo de cometer crimes de guerra na Ucrânia e cujo recurso foi hoje rejeitado pela justiça russa.
Também representou a família de Boris Nemtsov, ex-vice-primeiro-ministro russo assassinado em 2015 numa ponte situada em frente aos muros do Kremlin.
A Duma (Câmara de Deputados russa) aprovou esta semana uma lei que pune com prisão perpétua a alta traição e com até cinco anos de prisão a cooperação com o Tribunal Penal Internacional (TPI), instância judicial com sede em Haia, nos Países Baixos, que emitiu um mandado de captura por crimes de guerra para o Presidente russo, Vladimir Putin.
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