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Líder do exército afirma que militares estão empenhados em transição civil

O chefe do exército e presidente do Conselho Soberano de Transição no Sudão, general Abdel Fattah al Burhan, afirmou hoje que os militares continuam empenhados numa transição para um governo civil.

Líder do exército afirma que militares estão empenhados em transição civil
Notícias ao Minuto

07:40 - 21/04/23 por Lusa

Mundo Sudão

"Estamos confiantes de que ultrapassaremos esta provação com a nossa formação, sabedoria e força, preservando a segurança e unidade do Estado, permitindo-nos que nos seja confiada a transição segura para um governo civil", afirmou o responsável, numa mensagem vídeo para assinalar o feriado do Eid al-Fitr que que marca o fim do Ramadão, mês sagrado do jejum e da oração muçulmanos.

Além de ser o primeiro discurso desde que os brutais combates entre as suas forças e os paramilitares do país começaram, há quase uma semana, foi também a primeira vez que Al Burhan foi visto desde que a capital e outras áreas são palco de combates. Desconhece-se quando ou onde foi gravada a mensagem.

"A ruína e a destruição e o som de balas não deixaram lugar para a felicidade que todos merecem no nosso amado país", disse Al Burhan, no discurso.

Na quinta-feira, os militares do Sudão descartaram negociações com as Forças de Apoio Rápido rivais, dizendo que só aceitariam a rendição.

Os dois lados continuaram a lutar no centro de Cartum e noutras partes do país, ameaçando aniquilar as tentativas internacionais de mediação de um cessar-fogo mais longo.

Também na quinta-feira, o secretário-geral da ONU, António Guterres, definiu como "prioridade imediata" no Sudão um cessar-fogo de "pelo menos três dias", tendo em conta o Eid al-Fitr.

No final de uma reunião convocada pela União Africana para abordar a dramática situação no Sudão, na sede da ONU, em Nova Iorque, Guterres disse ter assistido a um forte consenso de todos os participantes em condenar os combates no Sudão e em pedir o fim das hostilidades.

"Como prioridade imediata, apelo a um cessar-fogo de pelo menos três dias, marcando as comemorações do Eid al-Fitr, para permitir que os civis presos em zonas de conflito escapem e procurem tratamento médico, alimentos e outros elementos essenciais", disse o líder da ONU.

"Este deve ser o primeiro passo para uma pausa nos combates e abrir caminho para um cessar-fogo permanente", acrescentou Guterres, no final do encontro que juntou a Liga Árabe, a Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento e a UE, além de representantes de diversos países que "estão profundamente empenhados em resolver a crise".

O chefe da ONU manifestou ainda preocupação com o número de vítimas civis, com a situação humanitária e com a perspetiva de uma nova escalada do conflito.

Os confrontos armados entre o exército sudanês e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês) começaram no sábado, em Cartum e outros pontos do país.

De acordo com mais recente balanço da Organização Mundial da Saúde (OMS), os confrontos já causaram pelo menos 330 mortos e 3.200 feridos.

As hostilidades começaram no contexto de um aumento das tensões sobre a reforma do aparelho de segurança e a integração da força paramilitar nas Forças Armadas, parte fundamental de um acordo assinado em dezembro para formar um novo governo civil e reativar a transição.

O processo de conversações começou com mediação internacional, depois de Al Burhan liderar um golpe em outubro de 2021, que derrubou o então primeiro-ministro de Unidade, Abdala Hamdok, nomeado para o cargo como resultado de contactos entre civis e militares, na sequência do motim de abril de 2019, que pôs fim a 30 anos do regime de Omar Hasan al-Bashir.

Leia Também: Sudão. EUA preparam possível retirada de pessoal de embaixada em Cartum

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