Líder do exército afirma que militares estão empenhados em transição civil
O chefe do exército e presidente do Conselho Soberano de Transição no Sudão, general Abdel Fattah al Burhan, afirmou hoje que os militares continuam empenhados numa transição para um governo civil.
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Mundo Sudão
"Estamos confiantes de que ultrapassaremos esta provação com a nossa formação, sabedoria e força, preservando a segurança e unidade do Estado, permitindo-nos que nos seja confiada a transição segura para um governo civil", afirmou o responsável, numa mensagem vídeo para assinalar o feriado do Eid al-Fitr que que marca o fim do Ramadão, mês sagrado do jejum e da oração muçulmanos.
Além de ser o primeiro discurso desde que os brutais combates entre as suas forças e os paramilitares do país começaram, há quase uma semana, foi também a primeira vez que Al Burhan foi visto desde que a capital e outras áreas são palco de combates. Desconhece-se quando ou onde foi gravada a mensagem.
"A ruína e a destruição e o som de balas não deixaram lugar para a felicidade que todos merecem no nosso amado país", disse Al Burhan, no discurso.
Na quinta-feira, os militares do Sudão descartaram negociações com as Forças de Apoio Rápido rivais, dizendo que só aceitariam a rendição.
Os dois lados continuaram a lutar no centro de Cartum e noutras partes do país, ameaçando aniquilar as tentativas internacionais de mediação de um cessar-fogo mais longo.
Também na quinta-feira, o secretário-geral da ONU, António Guterres, definiu como "prioridade imediata" no Sudão um cessar-fogo de "pelo menos três dias", tendo em conta o Eid al-Fitr.
No final de uma reunião convocada pela União Africana para abordar a dramática situação no Sudão, na sede da ONU, em Nova Iorque, Guterres disse ter assistido a um forte consenso de todos os participantes em condenar os combates no Sudão e em pedir o fim das hostilidades.
"Como prioridade imediata, apelo a um cessar-fogo de pelo menos três dias, marcando as comemorações do Eid al-Fitr, para permitir que os civis presos em zonas de conflito escapem e procurem tratamento médico, alimentos e outros elementos essenciais", disse o líder da ONU.
"Este deve ser o primeiro passo para uma pausa nos combates e abrir caminho para um cessar-fogo permanente", acrescentou Guterres, no final do encontro que juntou a Liga Árabe, a Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento e a UE, além de representantes de diversos países que "estão profundamente empenhados em resolver a crise".
O chefe da ONU manifestou ainda preocupação com o número de vítimas civis, com a situação humanitária e com a perspetiva de uma nova escalada do conflito.
Os confrontos armados entre o exército sudanês e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês) começaram no sábado, em Cartum e outros pontos do país.
De acordo com mais recente balanço da Organização Mundial da Saúde (OMS), os confrontos já causaram pelo menos 330 mortos e 3.200 feridos.
As hostilidades começaram no contexto de um aumento das tensões sobre a reforma do aparelho de segurança e a integração da força paramilitar nas Forças Armadas, parte fundamental de um acordo assinado em dezembro para formar um novo governo civil e reativar a transição.
O processo de conversações começou com mediação internacional, depois de Al Burhan liderar um golpe em outubro de 2021, que derrubou o então primeiro-ministro de Unidade, Abdala Hamdok, nomeado para o cargo como resultado de contactos entre civis e militares, na sequência do motim de abril de 2019, que pôs fim a 30 anos do regime de Omar Hasan al-Bashir.
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