"Estou confiante de que [os ucranianos] serão capazes de libertar ainda mais terreno", disse Stoltenberg aos jornalistas, após a reunião do Grupo de Contacto para a Defesa da Ucrânia, que envolve os Estados Unidos e aliados, nomeadamente da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), e que está a decorrer na base militar norte-americana na localidade alemã de Ramstein.
"Uma das principais questões hoje discutidas aqui foi sobre as diferentes capacidades, sistemas e fornecimentos que os ucranianos precisam para recuperar mais terreno", acrescentou Stoltenberg, admitindo que o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, está a pressionar por mais armas e munições.
Cerca de meia centena de representantes de países que apoiam a Ucrânia, incluindo Portugal, estão reunidos na base para coordenar a ajuda a Kiev.
Na visita que efetuou quinta-feira à capital ucraniana, Stoltenberg reuniu-se com Zelensky, que insistiu no apelo para que os países ocidentais enviem para a Ucrânia armas e munições, mas também artilharia, blindados, aviões de combate e sistemas de artilharia de longo alcance para atingir posições russas para além da linha da frente.
"Juntos, garantiremos que a Ucrânia tenha tudo o que precisa para viver em liberdade", assegurou hoje, por seu lado, o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, também presente em Ramstein.
A reunião começou com conversações entre Austin e o homólogo ucraniano, Oleksii Reznikov, que este último considerou "frutíferas".
Entre a noção de que as reservas ucranianas são insuficientes, o receio de uma escalada nos combates e os problemas logísticos, europeus e norte-americanos mostraram-se, no entanto, mais cautelosos do que Kiev gostaria.
A entrega de aviões de combate à Ucrânia, em particular, divide os parceiros de Kiev, com a Alemanha a mostrar a maior relutância.
A Eslováquia e a Polónia começaram a fornecer à Ucrânia caças 'Mig-29', de fabrico soviético. No entanto, o envio de aviões modernos, de fabrico ocidental, ainda está para ser discutido.
A Aliança Atlântica está focada no fornecimento de munições e peças sobressalentes para que os sistemas já implantados na Ucrânia "produzam o efeito desejado", sublinhou hoje Stoltenberg.
"Agora, há uma batalha de atrito e uma batalha de atrito torna-se uma guerra de logística", explicou.
Entretanto, o ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, indicou que os representantes ucranianos, polacos e alemães concordaram em estabelecer um "centro de reparações comum na Polónia para assistir toda a frota" de tanques 'Leopard 2'.
Segundo Stoltenberg, desde o início da invasão russa os países ocidentais forneceram mais de 150.000 milhões de dólares (136.700 milhões de euros) em ajuda à Ucrânia, incluindo 65.000 milhões de dólares (59.250 milhões de euros) em ajuda militar.
A Ucrânia anunciou esta semana que recebeu os primeiros sistemas de defesa aérea 'Patriot' norte-americanos, uma operação coordenada pelos Estados Unidos, Alemanha e Holanda.
Tanques pesados britânicos e alemães, há muito solicitados por Kiev, também estão a ser entregues desde o final de março. Os tanques norte-americanos 'Abrams' podem seguir em breve para Kiev.
A visita de Stoltenberg a Kiev foi também uma oportunidade para Zelensky voltar a pedir para que a NATO convide a Ucrânia para aderir à Aliança Atlântica.
Stoltenberg reiterou o apoio da NATO às ambições ucranianas, acreditando que o "futuro" de Kiev está na "família euro-atlântica", mas não disse nada sobre um eventual roteiro.
A reaproximação entre a NATO e a Ucrânia foi novamente criticada hoje pelo Kremlin que, através do seu porta-voz, Dmitri Peskov, denunciou aquilo que considerou ser a "natureza agressiva" da Aliança Atlântica, culpada de "tentar absorver e arrastar a Ucrânia" para a organização.
"Estamos a lidar com um bloco agressivo que vê nosso país como um inimigo", afirmou Peskov.
A Ucrânia tem pedido há vários anos a adesão à NATO, solicitação reforçada depois de invasão russa do país, a 24 de fevereiro de 2022, uma vez que Kiev vê na Aliança Atlântica a única garantia real de segurança contra Moscovo.
Favorável em princípio a esta perspetiva, a NATO é, por outro lado, muito vaga nos prazos, considerando que a entrada da Ucrânia na organização pode provocar uma escalada do conflito porque a Rússia defende que tal alargamento constitui uma "linha vermelha".
"O principal objetivo é garantir que a Ucrânia vença", porque, caso contrário, "não faz sentido discutir a adesão", observou Stoltenberg.
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