Ucrânia responde a embaixador chinês: "Não papagueie a propaganda russa"
Embaixador chinês em França negou a soberania dos países pós-soviéticos. As declarações foram também condenadas pela União Europeia, que as descreveu como "inaceitáveis".
© Getty Images
Mundo Guerra na Ucrânia
O conselheiro presidencial ucraniano, Mykhailo Podolyak, comentou, este domingo, as declarações do embaixador da China em França, Lu Shaye, que negou a soberania dos países pós-soviéticos. Numa publicação, na rede social Twitter, o responsável ucraniano alertou que se Shaye quiser ser “um ator político importante”, não pode “papaguear a propaganda de forasteiros russos”.
“Todos os países da União pós-soviética têm um claro estatuto soberano consagrado no direito internacional. À excepção da Rússia, que fraudulentamente tomou o assento no Conselho de Segurança da ONU”, começou por referir o conselheiro do presidente Volodymyr Zelensky, após Shaye ter defendido “não há nenhum acordo internacional que materialize o seu estatuto de países soberanos”.
Questionado sobre se a “Crimeia [anexada pela Rússia em 2014] faz parte da Ucrânia”, o responsável chinês referiu que “depende da forma como se olha para o problema”. “Há uma história. A Crimeia foi da Rússia no início. Foi Khrushchev que deu a Crimeia à Ucrânia na época da União Soviética”, defendeu.
Para Podolyak, “é estranho ouvir uma versão absurda da ‘história da Crimeia’ de um representante de um país que é escrupuloso acerca dos seus mil anos de história”.
E avisou: “Se quer ser um ator político importante, não papagueie a propaganda de forasteiros russos…”
All post-Soviet Union countries have a clear sovereign status enshrined in international law. Except for Russia, which fraudulently took a seat in the UN Security Council. It is strange to hear an absurd version of the "history of Crimea" from a representative of a country that…
— Михайло Подоляк (@Podolyak_M) April 23, 2023
As declarações do embaixador chinês foram já criticadas pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros de França, que declarou que “tomou nota com consternação” e pediu à China que “diga se refletem a posição" de Pequim.
Também o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, descreveu as observações como “inaceitáveis” e espera que tais “não representem a política oficial da China”.
“Observações inaceitáveis do embaixador chinês em França questionando a soberania dos países que se tornaram independentes com o fim da União Soviética em 1991. A UE só pode supor que estas declarações não representam a política oficial da China”, escreveu no Twitter.
Unacceptable remarks of the Chinese Ambassador to France questioning the sovereignty of the countries which became independent with the end of the Soviet Union in 1991.
— Josep Borrell Fontelles (@JosepBorrellF) April 23, 2023
The EU can only suppose these declarations do not represent China’s official policy.
Na mesma entrevista, Lu Shaye apelou ainda ao fim das disputas sobre a questão das fronteiras pós-soviéticas. "Agora o mais urgente é parar, alcançar o cessar-fogo" entre a Rússia e a Ucrânia, disse.
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