Contraofensiva ucraniana? Kyiv estabelece posições junto ao rio Dieper
As forças ucranianas estabeleceram de forma bem-sucedida posições no lado oriental do rio Dnieper, segundo uma análise divulgada este fim de semana que alimenta as especulações de que há avanços para uma contraofensiva ucraniana na primavera.
© Reuters
Mundo Ucrânia
O 'think-tank' Institute for the Study of War (ISW), sediado em Washington, EUA, divulgou no final de sábado uma análise de imagens geolocalizadas de 'bloggers' pró-Kremlin que indicavam que as tropas ucranianas tinham estabelecido uma base de apoio próxima da cidade de Oleshky, bem como "linhas de abastecimento estáveis", noticia hoje a Associated Press.
Os analistas, refere a AP, acreditam que o objetivo mais importante para Kiev avançar com uma contraofensiva na primavera passa por quebrar o corredor terrestre entre a Rússia e a Crimeia.
Citada por órgãos de comunicação social locais, a porta-voz do comando operacional austral da Ucrânia, Natália Humeniuk, pediu calma, não tendo confirmado ou negado o relatório do ISW.
Na televisão ucraniana, Humeniuk referiu que "ultrapassar um obstáculo como o Dnieper" é "um trabalho muito difícil", uma vez que a linha da frente tem de atravessar um rio largo.
O chefe da região de Kherson, instalado pelo Kremlin numa das quatro anexadas de forma considerada ilegal em setembro, negou hoje que as forças ucranianas tenham estabelecido uma base na margem oriental do rio.
Na plataforma Telegram, Vladimir Saldo garantiu que as forças russas estão "em pleno controlo" da zona e criticou as imagens referenciadas pelo ISW.
Catorze meses depois do início da invasão, a guerra encontra-se numa fase em que nenhum dos lados aparenta ganhar impulso.
Ainda assim, recentemente a Ucrânia recebeu armas sofisticadas dos aliados ocidentais e apresenta mais tropas formadas pelo ocidente.
As batalhas mais intensas têm ocorrido na região oriental de Donetsk, onde a Rússia tenta cercar a cidade de Bakhmut.
Durante o dia de hoje, o porta-voz do Ministério da Defesa russo, Igor Konashenkov, anunciou que Moscovo capturou mais dois barros na zona ocidental da cidade, não acrescentando mais detalhes sobre que áreas continuam sob controlo dos ucranianos.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,6 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,1 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Neste momento, pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 8.534 civis mortos e 14.370 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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