Para garantir a segurança na rota Cartum-Port Sudan, os Estados Unidos estão a utilizar os serviços de informações, vigilância e reconhecimento, mas sem militares no terreno, acrescentou Sullivan.
O anúncio de Jack Sullivan surge numa altura em que vários governos estrangeiros retiraram por via aérea centenas de cidadãos, incluindo diplomatas, após o Sudão mergulhar no caos, devido aos confrontos entre o exército e o grupo paramilitar Forças de Ação Rápida (RSF, na sigla em inglês), iniciados há 10 dias.
Sullivan reiterou que a administração Biden continua a analisar "todas as opções possíveis" para ajudar os norte-americanos a sair do Sudão, mas não está a considerar a possibilidade de enviar tropas de manutenção da paz.
"Não é prática comum dos Estados Unidos enviar as forças armadas norte-americanas" para zonas de guerra para retirar cidadãos americanos, frisou Sullivan.
"Não o fizemos na Síria. Não o fizemos no Iémen, e não o fizemos na Ucrânia. O Afeganistão foi um caso único que envolveu o fim de uma guerra de 20 anos em que os Estados Unidos estavam centralmente envolvidos", salientou.
Cerca de 16 mil cidadãos norte-americanos estão registados na embaixada dos EUA em Cartum, mas desconhece-se o número verdadeiro, porque muitos ou entram e não se registam e por vezes quem deixa o país não notifica a sua partida.
Em Berlim, a chefe da diplomacia alemã, Annalena Baerbock, disse hoje ser "mais do que incerto" se será possível continuar a retirada aérea de cidadãos alemães e europeus após o fim do cessar-fogo de três dias no Sudão.
O gabinete de crise criado no final do cessar-fogo está a analisar todas as opções disponíveis para colocar em segurança os cidadãos alemães que permanecem no país, seja em cooperação com os países aliados, através das fronteiras terrestres ou por via marítima, disse Baerbock numa conferência de imprensa conjunta com o seu colega da Defesa, Boris Pistorius.
O titular da Defesa anunciou que, após a aterragem de três aviões com cerca de 300 pessoas a bordo, um quarto avião das forças armadas alemãs está no ar.
"Esta noite, se tudo correr bem, haverá cerca de 400 pessoas retiradas", disse, explicando que cerca de metade são cidadãos alemães, enquanto o resto das pessoas pertencem a cerca de 20 nacionalidades (incluindo austríacos, belgas, holandeses e britânicos).
Pistorius acrescentou que cerca de mil homens e mulheres das forças armadas alemãs foram mobilizados para a operação e descreveu a sua preparação como "exemplar".
A degradação das condições de segurança foi o motivo invocado hoje em Roma pelo ministro dos Negócios Estrangeiros italiano, Antonio Tajani, para anunciar o encerramento da embaixada transalpina em Cartum.
"Passou-se tudo da melhor maneira possível. Os italianos foram colocados em segurança, a nossa embaixada foi encerrada, muito provavelmente iremos transferi-la temporariamente para a Etiópia ou para o Egito", disse Tajani, citado pela estação de televisão TG3.
Desde 15 de abril que se registam violentos combates no Sudão, num conflito que opõe o exército, liderado pelo general Abdel Fattah al-Burhan, líder de facto do país desde o golpe de Estado de 2021, e um ex-adjunto que se tornou um rival, o general Mohamed Hamdan Dagalo, que comanda o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês).
O balanço provisório dos confrontos indica que há mais de 420 mortos e 3.700 feridos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Leia Também: EUA preocupados com presença de mercenários do grupo Wagner no Sudão