"Deportação de crianças é elemento premeditado para apagar identidade"
Para Zelensky, a resolução do Conselho da Europa "ajudará significativamente os esforços globais para levar a Rússia e seus funcionários, incluindo o chefe do estado terrorista [Vladimir Putin], à justiça por genocídio e políticas genocidas contra a Ucrânia".
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Mundo Ucrânia/Rússia
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, saudou a resolução adotada esta quinta-feira pelo Conselho da Europa, que determinou que as transferências forçadas de crianças ucranianas para a Rússia equivalem a genocídio. Isto porque, na ótica do chefe de Estado, a deportação de menores ucranianos é “um dos elementos verdadeiramente premeditados da tentativa da Rússia de eliminar a identidade” do povo da Ucrânia.
“A deportação de crianças ucranianas é um dos elementos verdadeiramente premeditados da tentativa da Rússia de eliminar a identidade do nosso povo, de destruir a própria essência dos ucranianos. Este é um crime de genocídio deliberado cometido por oficiais russos. É assim que deve ser qualificado tanto política, quanto legalmente”, disse o líder ucraniano, no seu habitual discurso noturno.
Para Zelensky, esta resolução do Conselho da Europa “ajudará significativamente os esforços globais para levar a Rússia e seus funcionários, incluindo o chefe de Estado terrorista [Vladimir Putin], à justiça por genocídio e políticas genocidas contra a Ucrânia”.
O líder ucraniano apontou ainda que, também esta quinta-feira, a primeira-dama, Olena Zelenska, esteve perante a Assembleia Parlamentar daquele organismo europeu para falar “especificamente sobre o problema das crianças e das famílias”, assegurando que Kyiv continua “a trabalhar para o regresso de todos os menores deportados e para o castigo da Rússia”.
“Temos conhecimento de quase 20 mil crianças que foram levadas e espalhadas por diversas regiões do estado maléfico. Mas é óbvio que isso é apenas uma parte de ações criminosas muito maiores. Pode haver muito mais crianças”, disse.
E prosseguiu: “A Europa e o mundo já assistiram a várias deportações e tentativas de extermínio de povos. É através do exemplo russo - a responsabilização deste estado e dos seus funcionários culpados de genocídio - que devemos mostrar a todas as outras fontes potenciais do mesmo mal que nunca haverá impunidade. Haverá sentenças por genocídio, assim como para todos os outros crimes cometidos pela Rússia contra a Ucrânia.”
O chefe de Estado não deixou de mencionar o ataque levado a cabo pelas forças russas em Mykolaiv, na noite de quarta-feira, que vitimou pelo menos uma pessoa e deixou mais de 20 feridas. O bombardeamento terá também danificado “dezenas de residências”, assim como uma escola e uma universidade.
Além disso, também Kostiantynivka, na região de Donetsk, terá sido atingida por um ataque das tropas russas, provocando não só feridos, como ainda danos a uma escola, um hospital e a edifícios residenciais.
“Infelizmente, a máquina jurídica mundial está a demorar muito a ganhar impulso. Mas está a ganhar força. Infelizmente, a pressão política mundial sobre o estado terrorista, a pressão das sanções, ainda não atingiu a sua força total. Mas está a chegar…”, rematou.
Lançada a 24 de fevereiro, a ofensiva militar russa na Ucrânia já provocou a fuga de mais de 14 milhões de pessoas, segundo os dados mais recentes da Organização das Nações Unidas (ONU), que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A entidade confirmou ainda que já morreram mais de 8.534 civis desde o início da guerra e 14.370 ficaram feridos, sublinhando, contudo, que estes números estão muito aquém dos reais.
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