Ver, ouvir e calar. Assim viviam filhos de médico acusado de maus-tratos

Médico está acusado de maus tratos contra os filhos e a mulher. Esta nega, contudo, a acusação de violência doméstica.

Notícia

© Getty Images

Andrea Pinto
02/05/2023 10:20 ‧ 02/05/2023 por Andrea Pinto

Mundo

Espanha

No início do mês de abril, o Ministério Regional da Saúde de Espanha abriu um processo contra um médico acusado de maltratar a esposa e os oito filhos menores na região espanhola de Colmenar Viejo.

O homem, de 56 anos, foi alvo de uma queixa apresentada em março, no seguimento da qual a Guardia Civil deu início a investigações. 

Vão-se sabendo agora novos pormenores sobre o sucedido, estando a justiça espanhola a ouvir testemunhas do caso.

"Ver, ouvir e calar". Era sobre esta premissa que viviam as crianças, entre os 4 e os 14 anos, todas elas sujeitas, alegadamente, a maus tratos, escreve o El Pais. A mãe das crianças, segundo notícias iniciais, seria também sujeita a violência.

Relação, família e a queixa

Segundo agora se sabe, o médico e a mulher, uma administrativa, conheceram-se há 16 anos numa clinica em Aravaca. Este era casado e separou-se para ir viver com a administrativa, hoje com 44 anos. Já esta abandonou o emprego para se dedicar a ser mãe. O casal teve um filho praticamente a cada ano que se seguiu.

O casal chegou às paginas dos jornais no início de abril, numa queixa que foi desencadeada pela escola de uma das crianças. Uma das filhas do casal foi levada ao hospital, depois de ter admitido ter receio de ir para casa por ter más notas. No hospital, foi descoberto que a menina possuía vários hematomas e feridas e em conversa com um psicólogo terá admitido alguns dos abusos a que era sujeita. A par disso, a Guardia Civil revelou que os meninos faltavam constantemente às aulas, faltas que eram justificadas pelos pais.

Um dia depois, as autoridades detiveram o médico, que é acusado de maus-tratos infligidos aos filhos e do crime de violência doméstica para com a esposa. O juiz impôs uma ordem de restrição face a todos eles, de acordo com fontes familiarizadas com a investigação, citadas pela agência EFE.

Violência e falta de condições

A mulher alega, contudo, que não se sente vítima de violência e terá defendido o marido. Contudo, testemunhas relatam ao El Pais vários episódios de violência que terão acontecido na casa onde a família vivia e que terão sido até partilhados pela mulher.

Um dos motivos de discussão em casa estaria relacionada com a televisão e redes sociais. A imprensa espanhol revela que este era contra os filhos verem televisão, uma vez que acreditava que este meio de comunicação espalhava mentiras. Posto isto, terá mesmo castigado os filhos quando um dia chegou a casa e percebeu que as crianças estavam a ver desenhos animados enquanto a mulher dobrava roupa, num outro quarto da residência.

Terá também ficado revoltado quando um dia percebeu que duas das suas filhas tinham criado uma conta nas redes sociais e, numa outra ocasião, um livro emprestado por uma amiga foi motivo para o homem ser violento contra a filha, alegando que a obra em causa possuía contornos pornográficos.

A casa onde viviam espelha também a falta de condições a que as crianças estavam sujeitas. A Guardia Civil diz que a moradia alugada apresentava muita sujidade, foram encontrados restos de vómito e que uma das casas de banho estava inutilizada. 

Sobre o homem sabe-se que exercia a sua profissão ocasionalmente em clinicas privadas e que era comum queixar-se da falta de dinheiro. Alegava que precisava de ser aumentado pois com tantos filhos o dinheiro mal chegava. 

As crianças foram entregues aos serviços de segurança social do país e revelam os meios espanhóis que foram vistos a serem transportados numa carrinha. Aos pais foi imposta uma ordem de restrição relativamente aos filhos - também por alegados maus tratos. Os pais veem-se agora, pelo menos temporariamente, sem a guarda dos filhos

Leia Também: "Limite insustentável". Hospital de Trás-os-Montes há 9 meses sem direção

Partilhe a notícia

Produto do ano 2024

Descarregue a nossa App gratuita

Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas