Após ser acusada pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) de crimes de guerra em março, numa das mais mediáticas decisões dos últimos anos, a comissária russa para os direitos das crianças negou categoricamente ser uma criminosa, garantindo que não tem "vergonha de nada" do que fez até agora.
Em entrevista à VICE News, Maria Lvova-Belova reiterou que a "alegada deportação de crianças" denunciada pelo TPI não existe, considerando que a retirada de menores ucranianas das suas localidades é uma "evacuação dos bombardeamentos".
Lvova-Belova também disse na entrevista que é uma "mãe", e não uma "criminosa de guerra", dando mais detalhes sobre a alegada adoção de um adolescente ucraniano que estava em Mariupol.
"Ele estava num grupo que foi retirado de Mariupol quando as hostilidades pararam. Eles foram encontrados dentro de caves. Um grupo de 31 crianças, maioritariamente adolescentes. Falei com o Philip [o seu marido] e o meu coração tremeu, e percebi que ele era minha criança", contou a comissária russa.
A governante já tinha anunciado a adoção de um rapaz ucraniano - um processo muito contestado pelas autoridades ucranianas -, que terá sido resgatado após a destruição de Mariupol pelas forças russas.
O nome de Maria Lvova-Belova tornou-se famoso depois de esta ter sido acusada de crimes de guerra, numa acusação que incluía um nome bem mais sonante: Vladimir Putin. Ambos foram acusados de ordenar a deportação forçada de crianças, retiradas de regiões que são consideradas como parte da Ucrânia - isto apesar de Putin ter anunciado, em setembro, a anexação unilateral de quatro regiões do país, que não foi reconhecida quase por nenhum país na Organização das Nações Unidas (ONU).
A comissária tem vindo a negar repetidamente as acusações feitas pelo TPI, afirmando que o estado russo está disposto a devolver as crianças às mães que as queiram de volta, uma iniciativa que Kyiv também critica por considerar apenas promessas vagas.
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