Zimbabué. Amnistia classifica de farsa condenação de deputado da oposição

A organização Amnistia Internacional (AI) classificou hoje de "farsa" e mais uma "prova chocante" da "crescente repressão" da dissidência no Zimbabué a recente condenação do deputado Job Sikhala, vice-presidente do principal partido da oposição, por obstrução à justiça.

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Lusa
04/05/2023 14:58 ‧ 04/05/2023 por Lusa

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Zimbabué

"A condenação e a sentença de Job Sikhala são uma farsa da justiça e uma prova chocante da crescente repressão da dissidência pacífica, especialmente contra os líderes da oposição (...) no Zimbabué", declarou Flavia Mwangovya, diretora adjunta da AI para a África Oriental e Austral, num comunicado divulgado hoje.

Sikhala, vice-presidente da Coligação de Cidadãos para a Mudança (CCC), detido em junho de 2022, foi condenado por um tribunal de Harare a pagar uma multa de 600 dólares (cerca de 540 euros) até 05 de maio, ou enfrentar até seis meses de prisão.

O deputado da oposição e um dos mais críticos em relação ao Governo, é acusado de interferir nas investigações policiais sobre o assassínio, em maio de 2022, do ativista do CCC Moreblessing Ali, uma acusação que sempre negou, reafirmando a sua inocência.

Sikhala, que era o advogado da família de Ali, é também acusado de ter aparecido num vídeo nas redes sociais a ameaçar vingança contra os assassinos do ativista e a incitar à violência pública através destas declarações.

O político está em prisão preventiva desde a sua detenção em 14 de junho de 2022 e as suas numerosas tentativas para uma libertação sob fiança foram rejeitadas em tribunal.

Apesar de ter pagado a multa, Sikhala permanecerá detido enquanto aguarda a resolução de outros processos pendentes contra si, uma vez que também é acusado de incitar à violência pública por apelar a protestos antigovernamentais no país.

A decisão contra Sikhala e outros opositores "fazem parte de um padrão de repressão concebido para vitimar ativistas e políticos da oposição" antes das eleições previstas para agosto próximo, segundo Mwangovya.

"As autoridades estão a utilizar os tribunais para silenciar os membros da oposição que apelam à transparência, à responsabilização e ao respeito e proteção dos direitos humanos", afirmou.

Após a demissão do antigo presidente Robert Mugabe, forçada em 2017 pelo exército e pelo partido no poder, União Nacional Africana do Zimbabué-Frente Patriótica (ZANU-PF), as acusações de fraude eleitoral e os abusos que marcaram o seu governo continuaram.

Nas próximas eleições, o líder do CCC, Nelson Chamisa, enfrentará nas urnas o Presidente e líder do ZANU-PF, Emmerson Mnangagwa.

O partido de Chamisa goza de um forte apoio urbano e é visto como uma ameaça à hegemonia do partido no poder desde 1980.

Leia Também: Zimbábue planeia lançar moeda digital suportada em ouro do banco central

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