"O meu objetivo é que todos os países europeus trabalhem juntos e enfrentem os problemas com unidade máxima. Assim, tenho a certeza de que as dificuldades vão ser superadas", disse aos jornalistas o alto representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell, em Florença.
O ministro dos Negócios Estrangeiros Antonio Tajani cancelou na quinta-feira uma viagem a Paris em sinal de protesto pelas declarações do ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, que acusou a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, de ser incapaz de resolver o problema migratório.
Darmanin, conhecido pelas posições contra a extrema direita francesa liderada por Marine Le Pen, também se referiu nas mesmas declarações ao partido francês Rassemblement National (RN) e diretamente ao partido italiano Fratelli d'Italia (FdI).
"Meloni é como Le Pen: consegue ser eleita porque promete que 'vamos ver o vamos ver' e no final o que vemos é que (o problema migratório) apenas não resolve como se agrava porque a Itália vive uma grave crise migratória", disse Darmanin à emissora RMC.
As palavras do ministro francês foram publicadas pela imprensa italiana tendo provocado indignação junto da diplomacia de Roma.
"As ofensas ao Governo e a Itália pronunciadas por Darmanin são inaceitáveis. Este não é o espírito com que se devem enfrentar os desafios europeus", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros de Itália através da rede social Twitter.
A mensagem foi difundida antes do cancelamento de um encontro bilateral em Paris com a homóloga francesa Catherine Colonna.
O vice-primeiro-ministro italiano, Matteo Salvini, reagiu às palavras de Darmanin afirmando que tem "orgulho" em ser "amigo" de Le Pen.
Na troca de acusações, o Ministério dos Negócios Estrangeiros francês tentou desanuviar o diferendo diplomático emitindo um comunicado expressando desejo de contactos com Roma para trabalhar "em espírito de solidariedade".
Na sequência do comunicado, o chefe da diplomacia italiana disse que contactou telefonicamente a ministra dos Negócios Estrangeiros francesa.
A crispação entre Paris e Roma por causa dos migrantes que chegam do norte de África são frequentes.
Em novembro do ano passado, a tensão sobre o assunto agravou-se após o Executivo de Meloni, recém nomeada primeira-ministra, ter negado a autorização de desembarque a um navio humanitário francês, da organização SOS Méditerranée, que tinha resgatado migrantes no Mediterrâneo e que se dirigiu a Itália por uma questão de proximidade.
O navio francês acabou por desembarcar os migrantes e refugiados no porto de Toulon, em França.
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