Governo de Roma mais calmo após reação a críticas de ministro francês

O chefe da diplomacia italiana, Antonio Tajani, considerou hoje que o Governo da França compreendeu a gravidade das críticas do ministro do Interior francês à política de migração do executivo de Roma.

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Lusa
05/05/2023 14:33 ‧ 05/05/2023 por Lusa

Mundo

Migrações

"As palavras proferidas pelo porta-voz do Governo francês vão na direção de alguém que compreendeu que cometeu um erro grave, que ofendeu o Governo italiano", disse Tajani à estação Rai News 24, segundo a agência italiana ANSA.

O ministro Gérald Darmanin provocou uma nova polémica com Roma na quinta-feira, ao afirmar numa rádio francesa que a primeira-ministra de extrema-direita Giorgia Meloni era "incapaz de resolver os problemas de migração para os quais foi eleita".

Antonio Tajani, que deveria encontrar-se com a homóloga francesa, Catherine Colonna, em Paris na quinta-feira à noite, cancelou imediatamente a visita, afirmando que tais comentários eram inaceitáveis.

O porta-voz do Governo francês, Olivier Véran, disse hoje que Paris não quer fazer do caso "uma questão política", embora sem negar que as duas partes têm perspetivas diferentes sobre a questão.

"Não houve qualquer intenção de o ministro do Interior ostracizar a Itália", afirmou Véran, citado pela agência francesa AFP.

"Continuamos a trabalhar com os italianos [que] assumem a responsabilidade pelas escolhas que fizeram e querem que os deixemos assumir a responsabilidade pelas suas escolhas", disse.

"Isso é bom, porque não temos qualquer intenção de fazer o contrário", acrescentou o porta-voz do Governo francês.

Ao comentar as declarações do porta-voz francês, Tajani disse esperar que as críticas de Darmanin sejam apenas "palavras de um ministro em campanha eleitoral".

"Este não é um Governo de extrema-direita e certos tons podem ser evitados", disse o vice-primeiro-ministro e ministro dos Negócios Estrangeiros italiano.

"Não temos qualquer desejo de romper relações com a França", acrescentou Tajani.

Também o ministro dos Assuntos Europeus italiano, Raffaele Fitto, descreveu a alegação de Darmanin como um "verdadeiro passo em falso".

"Creio que não ajuda a Itália, a França ou a Europa o facto de um ministro poder considerar [fazer] um ataque frontal tão flagrante", acrescentou Fitto, citado pela ANSA.

O chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, tentou hoje acalmar os ânimos e disse acreditar que Itália e França vão "superar as dificuldades".

"O meu objetivo é que todos os países europeus trabalhem juntos e enfrentem os problemas com unidade máxima. Assim, tenho a certeza de que as dificuldades vão ser superadas", disse Borrell em Florença.

A crispação entre Paris e Roma por causa dos migrantes que chegam do norte de África é frequente.

Em novembro de 2022, a tensão agravou-se após o executivo de Meloni ter recusado o desembarque de migrantes resgatados no Mediterrâneo por um navio humanitário francês que rumara a Itália por uma questão de proximidade.

O navio acabou por desembarcar os migrantes e refugiados no porto francês de Toulon.

Leia Também: OIM diz que pelo menos mil pessoas fogem do Sudão todos os dias

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