"As palavras proferidas pelo porta-voz do Governo francês vão na direção de alguém que compreendeu que cometeu um erro grave, que ofendeu o Governo italiano", disse Tajani à estação Rai News 24, segundo a agência italiana ANSA.
O ministro Gérald Darmanin provocou uma nova polémica com Roma na quinta-feira, ao afirmar numa rádio francesa que a primeira-ministra de extrema-direita Giorgia Meloni era "incapaz de resolver os problemas de migração para os quais foi eleita".
Antonio Tajani, que deveria encontrar-se com a homóloga francesa, Catherine Colonna, em Paris na quinta-feira à noite, cancelou imediatamente a visita, afirmando que tais comentários eram inaceitáveis.
O porta-voz do Governo francês, Olivier Véran, disse hoje que Paris não quer fazer do caso "uma questão política", embora sem negar que as duas partes têm perspetivas diferentes sobre a questão.
"Não houve qualquer intenção de o ministro do Interior ostracizar a Itália", afirmou Véran, citado pela agência francesa AFP.
"Continuamos a trabalhar com os italianos [que] assumem a responsabilidade pelas escolhas que fizeram e querem que os deixemos assumir a responsabilidade pelas suas escolhas", disse.
"Isso é bom, porque não temos qualquer intenção de fazer o contrário", acrescentou o porta-voz do Governo francês.
Ao comentar as declarações do porta-voz francês, Tajani disse esperar que as críticas de Darmanin sejam apenas "palavras de um ministro em campanha eleitoral".
"Este não é um Governo de extrema-direita e certos tons podem ser evitados", disse o vice-primeiro-ministro e ministro dos Negócios Estrangeiros italiano.
"Não temos qualquer desejo de romper relações com a França", acrescentou Tajani.
Também o ministro dos Assuntos Europeus italiano, Raffaele Fitto, descreveu a alegação de Darmanin como um "verdadeiro passo em falso".
"Creio que não ajuda a Itália, a França ou a Europa o facto de um ministro poder considerar [fazer] um ataque frontal tão flagrante", acrescentou Fitto, citado pela ANSA.
O chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, tentou hoje acalmar os ânimos e disse acreditar que Itália e França vão "superar as dificuldades".
"O meu objetivo é que todos os países europeus trabalhem juntos e enfrentem os problemas com unidade máxima. Assim, tenho a certeza de que as dificuldades vão ser superadas", disse Borrell em Florença.
A crispação entre Paris e Roma por causa dos migrantes que chegam do norte de África é frequente.
Em novembro de 2022, a tensão agravou-se após o executivo de Meloni ter recusado o desembarque de migrantes resgatados no Mediterrâneo por um navio humanitário francês que rumara a Itália por uma questão de proximidade.
O navio acabou por desembarcar os migrantes e refugiados no porto francês de Toulon.
Leia Também: OIM diz que pelo menos mil pessoas fogem do Sudão todos os dias