O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) explicou que com estes dados mais recentes, recolhidos até ao final de março, o sistema de acolhimento italiano contabiliza um total de 19.600 crianças e adolescentes estrangeiros desacompanhados.
De acordo com os dados da UNICEF, 2.300 menores não acompanhados chegaram à ilha de Lampedusa, no sul de Itália, e a sua identificação foi realizada com a ajuda da organização não-governamental (ONG) Save the Children.
Nos últimos dias, embora o número reduzido de transferências promovidas pelas autoridades competentes tenha diminuído a pressão nos chamados pontos críticos de acolhimento, "o tempo que demora a transferência dos menores e, em alguns casos, o seu destino para outros centros de acolhimento, são aspetos preocupantes", denunciou a agência da ONU.
"A incapacidade de identificar soluções à medida para as raparigas e adolescentes implica, de facto, um risco de expulsão dos menores do sistema de acolhimento formal", acrescentou a UNICEF.
Nas últimas semanas, a UNICEF reuniu-se com o comissário extraordinário de emergência migratória nomeado pelo Governo da primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, Valerio Valenti, "para partilhar preocupações sobre os vários pontos críticos no sistema de acolhimento".
Por outro lado, a agência da ONU manifestou a sua satisfação pela recente ativação de uma clínica pediátrica na ilha de Lampedusa e pelo fortalecimento dos cuidados médicos com especialistas em ginecologia, fundamentais para cuidar das pessoas que tenham sobrevivido ou estão em risco de violência de género.
A UNICEF apelou ainda para que sejam encontradas soluções adequadas para os menores desacompanhados, nomeadamente "a promoção de formas de acolhimento alternativas às grandes estruturas - como o acolhimento familiar - e através de pequenas estruturas enraizadas no território que favoreçam a reintegração na escola e as vias de inclusão social".
Itália é abrangida pela chamada rota do Mediterrâneo Central, uma das rotas migratórias mais mortais, que sai da Líbia, Argélia e da Tunísia em direção à Europa, nomeadamente aos territórios italiano e maltês.
Leia Também: Governo de Roma mais calmo após reação a críticas de ministro francês