Os trabalhos da cimeira, que decorrem em Labuan Bajo, na província indonésia de Nusa Tenggara Oriental (NTT, na sigla em indonésio), começaram oficialmente com a reunião de altos funcionários da ASEAN, sendo o ponto alto o encontro de chefes de Estado e de Governo.
Teuku Faizasyah, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros indonésia, disse que o encontro servirá para analisar várias questões, incluindo as "prioridades da presidência indonésia da ASEAN em 2023".
Além de funcionários dos ministérios dos Negócios Estrangeiros dos Estados-membros da ASEAN e ainda de Timor-Leste (que tem o estatuto de observador), a reunião de hoje contou com a presença de funcionários do secretariado da organização regional.
Em fevereiro, o Governo timorense deu a conhecer aos seus parceiros de desenvolvimento as áreas de apoio imediato de que o país necessita no quadro do processo de adesão à ASEAN, e que incluem fortalecimento do capital humano e a análise sobre os acordos que o país terá de adotar.
Paralelamente, serão necessários, a médio e longo prazo, apoios no desenvolvimento de infraestruturas para acolher encontros da ASEAN e o desenvolvimento de sistemas de tecnologias de informação e de cibersegurança, entre outros.
Crucial para o processo é o roteiro da adesão, que definirá um conjunto de metas a curto, médio e longo prazo, que Timor-Leste tem que cumprir para a formalização da adesão, e cujo documento deverá ser discutido esta semana.
Depois do otimismo inicial de que Timor-Leste poderia tornar-se membro de pleno direito ainda este ano, líderes no país admitem agora que esse processo pode ser mais demorado, sem que haja um calendário definido.
Em comunicado, a presidência da ASEAN, atualmente exercida pela Indonésia, explica que em cima da mesa estão aspetos como os esforços para "reforçar a resiliência económica da ASEAN", algo que está em consonância com o lema geral "A ASEAN importa: Epicentro de Crescimento".
Entre os temas na agenda, e além da questão do roteiro para a adesão de Timor-Leste, os participantes deverão analisar questões como o desenvolvimento sustentável da região e medidas para o desenvolvimento do uso de veículos elétricos (uma das prioridades da presidência indonésia).
A situação económica regional e global e as prioridades para o futuro próximo e debates sobre o enquadramento de um futuro acordo quadro sobre a economia digital são outros assuntos na agenda.
O Presidente indonésio, Joko Widodo, quer ainda aproveitar a reunião para discutir alguns dos aspetos mais bicudos da região, incluindo o conflito no Myanmar (ex-Birmânia) e a crescente tensão no Mar do Sul da China, segundo a Associated Press.
Desde o golpe de Estado no Myanmar, a ASEAN deixou de convidar os militares que lideram o país para participar nos encontros de mais alto nível da organização.
Em termos mais nacionais, Widodo quer ainda aproveitar a cimeira para promover esta região do país, que tem vindo a tornar-se um crescente destino turístico.
Apesar disso a elevada presença de delegações internacionais está a esticar ao limite a disponibilidade hoteleira da pequena cidade, onde alguns têm mesmo que dividir quartos e onde faltam transportes.
Além dos líderes de oito dos 10 Estados-membros da ASEAN, o encontro terá a presença do primeiro-ministro timorense, Taur Matan Ruak, antecipando-se a participação de mais de 2.500 delegados e jornalistas.
Hoje Joko Widodo deslocou-se aos vários espaços que vão ser utilizados para a cimeira, incluindo a zona do hotel onde decorreu um ensaio da receção aos líderes da ASEAN.
Mais de 2.600 agentes policiais e de outras forças de segurança vão ser destacados durante estes dias em Labuan Bajo, especialmente nas zonas onde decorrem todos os encontros e eventos oficiais.
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