Al-Assad convidado para a cimeira da Liga Árabe na Arábia Saudita
O Presidente sírio, Bashar al-Assad, foi convidado hoje pela Arábia Saudita para estar presente na próxima cimeira da Liga Árabe, marcada para 19 deste mês, em Jidá, indicou hoje a presidência em Damasco.
© Reuters
Mundo Síria
A cimeira é consagrada, em parte, ao regresso da Síria à Liga Árabe, reintegração decidida domingo passado pela grande maioria dos países árabes, após 12 anos de suspensão pela repressão à sublevação popular que degenerou em guerra civil em 2011.
O chefe de Estado sírio "recebeu um convite do rei Salman" da Arábia Saudita para participar na cimeira anual da Liga Árabe marcada para Jidá, anunciou a presidência síria em comunicado
"A realização desta próxima cimeira na Arábia Saudita reforçará a ação conjunta árabe", declarou o presidente sírio.
O chefe de Estado sírio esteve pela última vez presente numa cimeira anual da Liga Árabe em 2010, realizada em Sirte (Líbia), antes de ser ostracizado pelos seus pares.
Em 2013, a oposição a al-Assad foi mesmo convidada a ocupar o lugar da Síria numa cimeira da Liga Árabe no Qatar, um dos países que apoiou os rebeldes sírios.
Nos últimos meses, porém, a Síria tem beneficiado das convulsões regionais, incluindo a reconciliação entre a Arábia Saudita e o Irão, um dos principais rivais do reino saudita e aliado próximo de Damasco, para regressar à comunidade árabe.
Damasco beneficiou, em particular, de uma manifestação de solidariedade em fevereiro, depois do terramoto que devastou grande parte da Síria e da Turquia.
Domingo, no Cairo, os chefes da diplomacia árabes decidiram reintegrar a Síria na organização pan-árabe, o que suscitou o desagrado dos Estados Unidos e da União Europeia (UE), que se opõem a uma normalização das relações com Damasco por considerarem que o regime de al-Assad continua a reprimir a população.
Dois dias depois, Riade, "peso pesado" regional e chefe de fila dos países do Golfo, e Damasco anunciaram a reabertura de missões diplomáticas, após 11 anos de rutura.
A Síria está agora a contar com a normalização total com os países árabes, especialmente com as ricas monarquias do Golfo, para financiar a dispendiosa reconstrução.
A Liga Árabe sublinhou a necessidade de um "papel de liderança árabe" na procura de uma solução para o conflito na Síria, que também tem associado o tráfico de droga produzida no país e exportada.
Uma investigação feita em novembro de 2022 pela agência noticiosa France-Presse (AFP) revelou que a droga estimulante 'captagon' transformou a Síria num narcoestado, com uma indústria ilegal avaliada em mais de 10.000 milhões de dólares (9.100 milhões de euros), que servem para apoiar o governo de al-Assad, mas também vários dos seus opositores.
A 01 deste mês, os ministros dos Negócios Estrangeiros árabes, reunidos em Amã, manifestaram a disponibilidade da Síria para "reforçar a cooperação" com os países vizinhos "afetados pelo tráfico de droga e pelo contrabando através da fronteira síria".
No que foi interpretado pelos observadores como uma expressão concreta dessa cooperação está o ataque aéreo que, segunda-feira, matou um importante traficante de droga e respetiva família no sul da Síria, próximo da fronteira com a Jordânia.
A guerra na Síria já deixou mais de meio milhões de mortes. Quase metade dos sírios está atualmente refugiada ou deslocada internamente.
Algumas partes do país continuam fora do controlo do Governo, nomeadamente o noroeste, controlado por grupos apoiados pela Turquia que, no atual conturbado contexto regional, está também a começar a reaproximar-se do regime sírio.
Hoje, pela primeira vez desde 2011, os ministros dos Negócios Estrangeiros dos dois países reuniram-se na Rússia, outra potência muito próxima de al-Assad.
Os dois ministros reuniram-se em Moscovo na presença dos homólogos russo e iraniano, tendo a Rússia proposto a elaboração de um roteiro para normalizar as relações entre Damasco e Ancara.
A Turquia apresentou a reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros como um prelúdio para uma cimeira entre os chefes de Estado al-Assad e Recep Tayyip Erdogan, que tem pela frente, porém, as eleições presidenciais turcas de 14 deste mês, cuja vitória está, dizem analistas locais, longe de garantida.
No entanto, al-Assad condicionou qualquer reunião com o homólogo turco à retirada das tropas da Turquia estacionadas no norte da Síria.
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