Russos continuam a pressionar Bakhmut enquanto Kyiv estuda contraofensiva

A Rússia mantém a pressão sobre o reduto ucraniano de Bakhmut, cuja conquista não conseguiu concretizar a tempo do Dia da Vitória, assinalado terça-feira, enquanto Kiev estuda vários cenários para lançar uma contraofensiva, que poderá não ser a última.

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© Mustafa Ciftci/Anadolu Agency via Getty Images

Lusa
10/05/2023 18:11 ‧ 10/05/2023 por Lusa

Mundo

Ucrânia/Rússia

"Temos vários cenários. Todos estão a ser trabalhados", afirmou hoje Oleksii Danilov, secretário do Conselho Nacional de Segurança e Defesa da Ucrânia, citado pela agência EFE.

Danilov acrescentou que "dependendo das circunstâncias que surjam em um momento ou outro, as respetivas decisões serão tomadas".

Ao mesmo tempo, insistiu que atualmente não há ninguém no Ocidente que conheça todos os planos de Kyiv, que "ainda não foram aprovados".

O ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, disse, por seu lado, que a contraofensiva que está a ser preparada pelo exército, possivelmente, "não será a última".

"Não se pense nesta contraofensiva como a última, porque não sabemos como será", afirmou o ministro ao jornal alemão Bild.

Kuleba insistiu que se a operação não obtiver os resultados desejados, haverá novos contra-ataques.

As declarações das autoridades ucranianas surgem depois de os Estados Unidos e o Reino Unido prometerem na terça-feira que Washington e Londres continuariam a apoiar a Ucrânia após a contraofensiva de Kyiv.

"Temos que continuar a apoiá-los, independentemente do sucesso da contraofensiva no campo de batalha, porque este conflito não terminará até que seja devidamente resolvido", disse o chefe da diplomacia britânica, James Cleverly em conferência de imprensa após um encontro com o seu homólogo norte-americano, Antony Blinken em Washington.

Entretanto, a Rússia disse hoje que tem conseguido repelir contra-ataques ucranianos em Bakhmut, na província de Donetsk, leste da Ucrânia, onde se continua a travar a mais longa e sangrenta batalha desde o início da guerra.

"As divisões das tropas aerotransportadas retardam as ações do inimigo nos flancos", disse o porta-voz do Ministério da Defesa russo, tenente-general Igor Konashenkov, no seu relatório diário de guerra.

O porta-voz também afirmou que os destacamentos de assalto, referindo-se aos mercenários do Grupo Wagner, "continuaram as operações ofensivas para capturar os bairros da periferia noroeste e oeste da cidade".

O porta-voz do Grupo Oriental das Forças Armadas da Ucrânia, Serhiy Cherevaty, reconheceu entretanto que a situação continua difícil na cidade, onde os combates começaram em agosto passado.

De acordo com as suas declarações na televisão, Moscovo está a usar cada vez mais tropas regulares em Bakhmut devido ao alto número de baixas entre os combatentes do Grupo Wagner.

Cherevaty concordou com Andriy Biletski, fundador do batalhão nacionalista Azov e líder do partido político Corpo Nacional, que relatou um avanço das tropas ucranianas nas proximidades de Bakhmut, onde teriam libertado parte do território ocupado e infligido pesadas perdas numa brigada mecanizada (72.ª) das Forças Armadas Russas.

Em recentes declarações, o chefe do grupo paramilitar, Yevgueni Prigozhin, confirmou a fuga das suas posições dos soldados daquela brigada.

Segundo Prigozhin, que afirma ter recebido apenas 10% da ajuda reivindicada ao Ministério da Defesa russo, tomar o flanco agora abandonado pelos homens daquela brigada mecanizada custou a vida de 500 mercenários naquela altura.

A Terceira Brigada de Assalto Separada das Forças Armadas Ucranianas confirmou, por sua vez, que uma das brigadas russas que tentava assumir o controlo total da cidade de Bakhmut abandonou as suas posições deixando para trás "500 cadáveres".

"É oficial. A informação de Prigozhin sobre a fuga da 72.ª Brigada Mecanizada Separada das Forças Armadas Russas e sobre 'os 500 cadáveres' que os russos deixaram lá é verdadeira", disse a brigada na plataforma Telegram.

De acordo com o Instituto norte-americano para o Estudo da Guerra (ISW, na sigla em inglês), Prigozhin falhou a sua tentativa de forçar a Defesa em Bakhmut em relação a outros alvos que o exército regular tem proposto.

Por outro lado, o ISW é de opinião que Moscovo está a preparar-se para uma longa guerra na Ucrânia, a julgar pelas recentes declarações do Presidente russo, Vladimir Putin, que quer apresentar a Rússia como um país que resiste com sucesso a todo o Ocidente.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,7 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,2 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que hoje entrou no seu 441.º dia, 8.791 civis mortos e 14.815 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.

Leia Também: Militares ucranianos confirmam fuga de brigada russa de Bakhmut

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