O congressista Republicano de Nova Iorque, que se celebrizou por inventar parte da sua história de vida, compareceu hoje, pela primeira vez, perante um tribunal federal em Long Island, após ser acusado de desviar dinheiro da sua campanha eleitoral.
Santos declarou-se inocente das acusações de que enganou doadores, roubou da sua campanha e mentiu ao Congresso sobre ser um milionário, tudo isso enquanto recebia benefícios de desemprego a que não tinha direito.
As 13 acusações que enfrenta são fruto de uma rede de fraudes e enganos que os procuradores dizem contrastar com a imagem pública fantasiosa que criou como um empresário rico - uma biografia fictícia que começou a desfazer-se logo após as eleições intercalares de novembro passado.
George Santos, de 34 anos, de origem brasileira e o primeiro Republicano eleito assumidamente 'gay', conquistou um assento na Câmara dos Representantes (câmara baixa do Congresso dos Estados Unidos) nas eleições intercalares de outono passado, após uma campanha parcialmente assente em mentiras.
Santos foi libertado sob fiança de 500 mil dólares após a sua acusação num tribunal federal de Long Island, cerca de cinco horas após se ter entregado para enfrentar acusações de fraude eletrónica, branqueamento de capitais, roubo de fundos públicos e declarações falsas ao Congresso.
O Republicano pode enfrentar até 20 anos de prisão se for condenado.
Santos pronunciou apenas algumas palavras em tribunal, respondendo afirmativamente às questões feitas pela juíza que presidiu à audiência, que durou cerca de 15 minutos.
O seu advogado, Joseph Murray, disse que Santos planeia continuar a sua campanha de reeleição e pediu permissão ao juiz para viajar livremente, embora tenha entregado o seu passaporte.
"Finalmente conseguimos abordar todas estas alegações", disse Murray a jornalistas junto ao tribunal.
Entre as acusações, os procuradores dizem que Santos induziu apoiantes a doar para uma empresa sob o falso pretexto de que o dinheiro seria usado para apoiar a sua campanha. Mas, em vez disso, segundo a acusação, o político usou o dinheiro para despesas pessoais, incluindo roupas de marcas de luxo e despesas com cartões de crédito e ligadas ao seu carro.
Santos também é acusado de mentir sobre as suas finanças em formulários do Congresso e de solicitar e receber benefícios de desemprego enquanto trabalhava como diretor regional de uma empresa de investimentos que o Governo fechou em 2021 devido a alegações de esquema de pirâmide.
A acusação "procura responsabilizar Santos por vários supostos esquemas fraudulentos e deturpações descaradas", disse o procurador norte-americano Breon Peace.
"Tomadas em conjunto, as alegações no indiciamento acusam Santos de contar com repetidas desonestidades e enganos para subir aos salões do Congresso e enriquecer", acrescentou.
Procurado pela agência Associated Press na terça-feira, Santos disse que desconhecia as acusações.
O congressista desafiou os vários pedidos de renúncia ao cargo - alguns de colegas Republicanos - quando detalhes do seu currículo fictício foram desvendados, embora tenha recusado as suas nomeações para comités no Congresso.
Santos não deu nenhuma indicação de que planeia afastar-se da política por causa da sua acusação. No passado, membros do Congresso de ambos os partidos permaneceram no cargo enquanto enfrentavam acusações.
Entre as mentiras que propagou durante a sua campanha eleitoral estavam a de que era um empresário rico de Wall Street com um portfólio substancial de imóveis, que havia sido um jogador de vólei na faculdade, entre outras.
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