O envio de mísseis de cruzeiro Storm Shadow do Reino Unido para a Ucrânia, anunciado esta quinta-feira, marca um aumento significativo nas capacidades de armamento das tropas de Kyiv.
O ministro da Defesa do Reino Unido, Ben Wallace, confirmou que o país está "a doar mísseis Storm Shadow para a Ucrânia", que têm "uma capacidade de ataque de precisão convencional de longo alcance", revelou a Sky News, que avançou ainda que o armamento já se encontra em território ucraniano.
"Complementa os sistemas de longo alcance já dotados, incluindo os mísseis HIMARS e Harpoon, bem como o próprio míssil Neptune Cruise da Ucrânia e missões de longo alcance em outros lugares dotados", avançou numa declaração aos deputados na Câmara dos Comuns. "A Ucrânia tem o direito de se defender. O uso deste sistema de armas permitirá à Ucrânia repelir as forças russas baseadas no território soberano ucraniano", acrescentou Wallace.
Mas, afinal, o que são mísseis de longo alcance Storm Shadow? A Sky News referiu uma lista de características deste armamento:
- O míssil tem uma capacidade de ataque de quase 300 km, o que significa que, potencialmente, poderá permitir que a Ucrânia atinja ainda mais o território russo;
- O míssil pesa 1,3 toneladas e tem pouco mais de cinco metros de comprimento;
- É lançado do ar e, teoricamente, pode ser usado de jatos de fabricação soviética da Ucrânia;
- São fabricados em Stevenage pela empresa MBDA;
- Cada míssil de cruzeiro custa cerca de 2,3 milhões de euros;
- O Storm Shadow foi originalmente desenvolvido como um projeto entre o Reino Unido e a França no início dos anos 90;
- Foi usado no Iraque em 2003, enquanto a França, Itália e Reino Unido o usaram na Líbia, em 2011;
- Este tipo de mísseis foram usados para bombardear alvos do Estado Islâmico, na Síria e no Iraque.
Contudo, em reação a este apoio de armamento enviado pelos britânicos, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, referiu que exigiria "uma resposta adequada dos nossos militares", reportou a Sky News.
O armamento deverá ser usado na tão esperada contraofensiva que está a ser preparada contra as as forças russas por Kyiv. Segundo o presidente Volodymyr Zelensky, a Ucrânia poderia prosseguir com o avanço das suas tropas no combate pelo país, mas "perderia muita gente" motivo pelo qual, destacou, "precisa de um pouco mais de tempo".
O líder ucraniano disse ainda que as suas brigadas de combate estavam "prontas", mas que ainda esperavam por "algumas coisas", incluindo veículos blindados já prometidos.
Estas afirmações do líder ucraniano foram, entretanto, desmentidas pelo líder do grupo Wagner, que acusou Zelensky de mentir. Yevgeny Prigozhin afirmou que a contraofensiva ucraniana já começou, estando as tropas russas a aproximarem-se de Bakhmut pelos flancos. "Infelizmente, [as operações ucranianas foram] parcialmente bem sucedidas", evidenciou.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
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