Os ministros consideraram, numa carta enviada à Comissão Europeia, que a autorização atribuída aos cinco países "conduz a um tratamento diferenciado no mercado interno", segundo a missiva, citada pela agência espanhola Europa Press.
A carta foi subscrita pelos ministros da Alemanha, Áustria, Bélgica, Croácia, Dinamarca, Eslovénia, Espanha, Estónia, França, Grécia, Irlanda, Luxemburgo e Países Baixos.
Em causa está uma medida de salvaguarda temporária e excecional, em vigor de 02 de maio a 05 de junho, que afeta o trigo, o milho, a colza e as sementes de girassol provenientes da Ucrânia.
A Comissão Europeia negociou a medida para que Polónia, Hungria, Bulgária e Eslováquia retirassem as proibições nacionais que tinham imposto unilateralmente a produtos agrícolas provenientes do país vizinho.
O acordo inclui uma segunda 'tranche' de 100 milhões de euros de assistência financeira a estes países da linha da frente, além dos 56,3 milhões de euros financiados pela reserva agrícola já concedida aos agricultores búlgaros, polacos e romenos.
Na sequência da invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, a UE suspendeu os direitos aduaneiros sobre produtos ucranianos para permitir a Kiev exportar cereais, face ao bloqueio das habituais rotas do Mar Negro.
Na carta, os 13 ministros reconheceram que as importações de produtos ucranianos para a UE, em especial cereais e oleaginosas, podem ter desestabilizado os mercados dos Estados-membros vizinhos da Ucrânia devido ao aumento da oferta.
A situação provocou a queda dos preços e dos rendimentos dos agricultores nos países afetados, admitiram na carta que enviaram à Comissão na quarta-feira.
Os 13 ministros criticaram também a Comissão Europeia por ter adotado a medida sem consulta prévia aos 27 Estados-membros e exigiram explicações sobre os critérios utilizados para propor o montante do pacote de 100 milhões de euros.
Os signatários apelaram para que a solidariedade europeia para com a Ucrânia e os agricultores afetados continue a orientar as ações da UE.
Apelaram também para que as suas diferenças "não sirvam os interesses da Rússia", que invadiu a Ucrânia em fevereiro do ano passado.
A porta-voz da Comissão para a Agricultura e o Comércio, Miriam García Ferrer, confirmou a receção da carta e garantiu que os outros Estados-Membros foram informados quando se chegou a acordo através do procedimento habitual.
Recordou também que o regulamento que suspende os direitos aduaneiros sobre a Ucrânia, renovado até junho de 2024, inclui um artigo que permite a adoção de medidas preventivas em caso de perturbação do mercado.
A porta-voz do executivo comunitário, Dana Spinant, afirmou que Bruxelas responderá à carta e apresentará argumentos para explicar aos Estados-membros signatários as razões subjacentes à adoção do pacote de medidas, acrescentou a Europa Press.
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