"Se olharmos para os mapas, o que está a acontecer em Berkhovka significa que o inimigo está a aproximar-se de Bakhmut e estará a uma distância de 500 metros de Bakhmut, onde ocupará todas as posições táticas", disse o líder do grupo paramilitar, visivelmente irritado, num vídeo no Telegram.
Prigozhin comentou o relatório divulgado hoje pelo porta-voz do Ministério da Defesa, Igor Konashenkov, que afirmou que as tropas russas ocuparam "posições mais favoráveis" perto da barragem de Berkhovskaya, a noroeste da cidade.
Segundo o líder do grupo, "a perda da barragem de Berkhovskaya e desses territórios, que representam cinco quilómetros quadrados, implica que o inimigo libertou a estrada entre Bakhmut e Chasiv Yar" que as tropas Wagner bloquearam anteriormente como parte do cerco".
Além disso, os ucranianos poderão "usar esta rota e aproveitar posições táticas das quais Bakhmut parece na palma da sua mão", prosseguiu.
Prigozhin lembrou que o grupo Wagner luta em Bakhmut desde 08 de outubro de 2022 e desde essa data ocupou praticamente toda a cidade, incluindo os territórios perdidos pelas tropas regulares russas nas últimas horas.
"Agora está a ocorrer o processo inverso: depois de entregarmos os flancos, ocorreu uma retirada 'não' tática e, por isso, o camarada Konashenkov está a falsificar a realidade. Houve uma fuga das unidades do Ministério de Defesa pelos flancos", afirmou.
Depois disso, previu, os ucranianos começarão "o cerco gradual" de Bakhmut.
"Exatamente o que venho alertando há muito tempo. Por esse motivo, o ministro [russo] da Defesa [Sergei Shoigu] e o chefe do Estado-Maior [Valery Gerasimov] conseguiram com suas ações primeiro reduzir o número de tropas Wagner para que eles não pudessem segurar os flancos, então eles decidiram que os seus valentes soldados poderiam segurar os flancos, mas fugiram", ironizou.
Prigozhin insistiu que o Ministério da Defesa continua sem dar ao grupo paramilitar "armas ou equipamentos de guerra, com a intenção de que Wagner finalmente se esvazie", e apesar disso, os seus grupos de assalto continuam a atacar os últimos redutos ucranianos no oeste da cidade.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,7 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,2 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que hoje entrou no seu 441.º dia, 8.791 civis mortos e 14.815 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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