Envio de mísseis de longo alcance para Kyiv é gesto "extremamente hostil"
A Rússia classificou hoje a decisão do Reino Unido de fornecer mísseis de longo alcance a Kyiv como um movimento "extremamente hostil", acusando Londres de procurar um "sério agravamento" do conflito.
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Mundo Ucrânia
A entrega dos mísseis de cruzeiro Storm Shadow, anunciada na quinta-feira, é "uma medida extremamente hostil de Londres, que visa inundar ainda mais a Ucrânia com armas e provocar um sério agravamento da situação", afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia em comunicado.
"O envio de mísseis de longo alcance e alta precisão para o regime de Kyiv confirma claramente o nível sem precedentes de envolvimento do Reino Unido no conflito ucraniano", comentou a diplomacia russa.
Moscovo acusou Londres de tentar "levar o conflito a um nível absolutamente novo em termos de destruição e perda de vidas".
"A Rússia reserva-se o direito de tomar todas as medidas necessárias para neutralizar as ameaças que possam surgir do uso de mísseis de cruzeiro pela Ucrânia", acrescentou o ministério.
Com o fornecimento dos Storm Shadows, que podem atingir 250 quilómetros, o Reino Unido tornou-se no primeiro país a entregar esse tipo de armamento de longo alcance à Ucrânia.
Até agora, os países ocidentais têm sido relutantes em enviar armas que permitam à Ucrânia atacar profundamente as linhas de Moscovo, mas também potencialmente atingir o território russo, receando uma escalada no conflito.
Por seu lado, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, agradeceu hoje por telefone ao primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, o envio dos mísseis para Kyiv.
"Agradeci o reforço significativo dos nossos recursos com mísseis do longo alcance Storm Shadow e por outra assistência militar", escreveu Zelensky na rede social Twitter.
Na conversa telefónica, Zelensky e Sunak falaram também de outros assuntos de cooperação em matéria de defesa, e coordenaram as suas posições sobre entendimentos internacionais.
"Especificamente, precisamos de sinais claros sobre o futuro da Ucrânia na NATO", escreveu Zelensky no Twitter.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,7 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,2 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 8.791 civis mortos e 14.815 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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