Na noite de sexta-feira, os mediadores egípcios voltaram a apresentar uma nova proposta de cessar-fogo, seguida de uma pausa nos combates, aumentando as esperanças de que a escalada, que entra hoje no quinto dia, possa terminar.
A Jihad Islâmica cancelou na sexta-feira um lançamento de foguetes planeado para as 21h00 (18h00 TMG), altura em que também apelou aos habitantes de Gaza para que se dirigissem aos telhados para festejar com assobios e gritos de "Allaho Akbar" (Deus é grande), como fizeram no dia anterior.
Isso foi interpretado como um progresso nas conversações indiretas de tréguas no Cairo, bem como o facto de, por volta da mesma hora, os aviões e drones israelitas terem deixado de ser ouvidos na Faixa de Gaza, uma pausa que durou cerca de oito horas.
Mas durante a madrugada, Israel voltou a bombardear alvos da Jihad Islâmica Palestiniana (PIJ), nomeadamente dois "centros de comando" de altos responsáveis da PIJ na Faixa de Gaza, que eram utilizados para "planear e comandar atividades terroristas contra Israel" e para "organizar o lançamento de rockets contra Israel", informou esta manhã o Exército israelita.
"Sete lançadores de morteiros e de foguetes ocultos foram alvejados durante a noite em Gaza, incluindo os que foram identificados ontem [sexta-feira] a disparar contra o sul de Israel", acrescentou um porta-voz militar.
Esta manhã, a PIJ também retomou o lançamento de foguetes, fazendo disparar alarmes antiaéreos em vários locais do sul de Israel, embora na sexta-feira tenha disparado foguetes para o centro do país, em direção a Jerusalém, pela primeira vez desde o início da escalada, na terça-feira.
Desde esse dia, o exército atacou com sucesso 325 alvos da PIJ - incluindo casas de membros e instalações militares - enquanto o grupo, considerado um grupo terrorista por Israel, pelos EUA e pela UE, disparou 1.099 projéteis a partir da Faixa, incluindo foguetes e morteiros, dos quais 865 entraram em território israelita.
Os sistemas antimísseis israelitas intercetaram 340 foguetes, com uma taxa de eficácia de 90%, 202 dos quais caíram no interior do enclave, enquanto a maior parte dos restantes caíram em zonas despovoadas de Israel, de acordo com a última contagem do exército israelita.
Fontes palestinianas indicam que a PIJ não gostou da última proposta porque exige um cessar-fogo com compromissos por parte de Israel, que na terça-feira lançou a operação "Escudo e Flecha" com o objetivo de matar três dos líderes do grupo num bombardeamento pesado que também matou dez civis.
Desde então, Israel matou mais seis membros superiores da PIJ, cuja liderança em Gaza foi quase completamente eliminada, nesta escalada em que 33 palestinianos foram mortos e 147 ficaram feridos. Uma mulher foi morta em Israel pelo impacto de um foguete.
Horas antes de o Egipto apresentar uma nova proposta de tréguas, na noite de sexta-feira, Israel anunciou que abandonava as conversações por não estar disposto a ceder às exigências da PIJ - incluindo o fim do "assassinato seletivo" dos seus líderes - ao que o grupo respondeu ameaçando prolongar a escalada além de uma semana.
Parece haver mais espaço para negociação com outra exigência da PIJ, a devolução do corpo de Jader Adnan, um líder do grupo na Cisjordânia ocupada que morreu na semana passada numa prisão israelita após 186 dias de greve de fome.
A sua morte provocou uma breve troca de tiros durante 24 horas, depois de a PIJ ter lançado dezenas de 'rockets' em represália, ao que Israel respondeu com bombardeamentos contra as instalações militares do grupo, que mataram um civil de Gaza por estilhaços.
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