Discursos "incendiários" ameaçam estabilidade da Guiné-Bissau

O líder da Assembleia do Povo Unido -- Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB) e primeiro-ministro guineense, Nuno Gomes Nabiam, avisou que os "discursos incendiários" só trazem problemas à estabilidade do país e que não está disposto a fazer "confusão".

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Lusa
15/05/2023 07:10 ‧ 15/05/2023 por Lusa

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Guiné-Bissau

"Não podemos estar com discursos incendiários, que isso não ajuda. Esses discursos trazem problemas e o país é que sofre", afirmou Nuno Gomes Nabiam, em entrevista à Lusa, quando questionado sobre a questão da segurança e estabilidade na Guiné-Bissau.

"Eu, Nuno, ninguém conte comigo para criar confusão. Não estou para isso. Eu tenho capacidade para fazer outras coisas. Se não for na política, vou fazer outro trabalho. Temos de moderar a nossa forma de estar e de fazer a política", pediu o líder da APU-PDGB.

O partido, que faz parte do Governo, iniciou no sábado a campanha eleitoral para as legislativas de 04 de junho em Bissorã, no norte do país, bastião de Nuno Gomes Nabiam, onde nas últimas legislativas, realizadas em março de 2019, conseguiu fazer eleger dois dos seus cinco deputados.

A sociedade civil guineense tem feito vários apelos aos líderes políticos para evitarem discursos de ódio e extremistas durante a campanha eleitoral e para se focarem na apresentação dos seus programas eleitorais aos eleitores.

Os partidos políticos assinaram na sexta-feira em Bissau um código de conduta, patrocinado pelas Nações Unidas, no qual se comprometem, entre vários pontos, a aceitar os resultados eleitorais apresentados pela Comissão Nacional de Eleições.

Lembrando as eleições presidenciais de 2014, nas quais perdeu a segunda volta para José Mário Vaz, Nuno Gomes Nabiam recordou a importância de aceitar os resultados eleitorais.

"Quando anunciaram que perdi, aceitei os resultados, dói, mas é a realidade", afirmou, considerando ser fundamental que sejam criadas condições de segurança e estabilidade no país para que haja desenvolvimento.

"Se não há segurança, não há desenvolvimento. Os homens de negócios não querem pôr dinheiro onde há problemas. O que aconteceu no 01 de fevereiro se tivesse de facto provocado uma reviravolta ia desencorajar os empresários, os homens de negócios", insistiu.

O primeiro-ministro referia-se ao ataque de 01 de fevereiro de 2022 contra o Palácio do Governo, onde decorria uma reunião do Conselho de Ministros, com a presença dos membros do executivo e do Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, e que provou mais de uma dezena de vítimas mortais, considerado pelas autoridades como uma tentativa de golpe de Estado.

Nuno Gomes Nabiam afirmou também que as legislativas de 04 de junho vão ser das mais disputadas da história da Guiné-Bissau e que ninguém vai ganhar com maioria.

"Vai haver necessidade de uma nova geringonça na Guiné-Bissau", afirmou, referindo-se à designação do acordo de incidência parlamentar realizado em Portugal entre o Partido Socialista, o Bloco de Esquerda e o Partido Comunista Português, após as legislativas realizadas em 2015.

Duas coligações e 20 partidos políticos iniciaram no sábado a campanha eleitoral para as sétimas eleições legislativas da Guiné-Bissau, depois de o parlamento guineense ter sido dissolvido em 18 de maio de 2022.

A campanha eleitoral na Guiné-Bissau vai decorrer até 02 de junho.

Leia Também: Guiné-Bissau. Sindicato pede a jornalistas que deixem discursos de ódio

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